Fórum Mineiro de Saúde Mental discute os impasses da proibição das drogas

O Fórum Mineiro de Saúde Mental (FMSM)- constituído por instituições como o Conselho Regional de  Psicologia – MG (CRP-MG) – promoveu, na noite desta quarta-feira (8/7), o evento “Política de Drogas: Impasses da Proibição”, no auditório do Centro Universitário UNA. Raquel Peyraube, assessora do Instituto de Regulação e Controle da Cannabis (IRCCA) do Uruguai foi convidada para apresentar a experiência de seu país com a legalização da maconha. Logo após houve a apresentação do vídeo- relatório “Abusos e Violações de Direitos em comunidades terapêuticas: Relatos de Uma Realidade Anunciada”, seguido por debate com o público.

Além de Raquel Peyraube, participaram como debatedores a psicóloga, pós-graduada em saúde mental, trabalhadora da Rede de Saúde Mental de Belo Horizonte e militante do FMSM, Soraia Marcos; Angelo Coutinho, redutor de danos da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte; e Guilherme Fernandes de Melo, historiador, integrante da Frente Mineira Drogas e Direitos Humanos e do coletivo que organiza a Marcha da Maconha.

Em sua palestra, Raquel apresentou como se deu o processo da legalização da cannabis no Uruguai, os objetivos da lei e como a população contrária reagiu. “A chave do processo foi a democratização da informação. Deixamos os uruguaios muito bem informadas sobre o assunto, para que pudessem compreender a legalização não como uma liberação, mas como uma regulamentação responsável”, disse contando que hoje, após dois anos de vigência da lei, não houve aumento do consumo.  O que se vê, segundo ela, são pessoas comprando a cannabis com segurança em farmácias e não com traficantes.

A uruguaia chamou ainda a atenção para os modelos proibicionistas que não notadamente não têm dado certo pelo mundo. “O Brasil é um caso emblemático pois, enquanto falamos de política, de proteção da cidadania, aqui há uma confusão. A postura política está muito controlada por questões morais. Como se o parlamento fosse uma igreja. As crenças  são para sua casa. Um país não pode fazer uma política pública para toda população com uma concepção moral. Tem que ser pragmática e ética. Ter uma religião não é problema. Mas ela não pode tomar as decisões políticas de um país”, concluiu.



– CRP PELO INTERIOR –