CRP-MG lança o livro “Psicologia no trabalho e nas organizações: reflexões sobre práticas contemporâneas”

A publicação foi apresentada pela Comissão de Psicologia Organizacional do CRP-MG, durante roda de conversa, nesta segunda-feira, 25

 O livro “Psicologia no trabalho e nas organizações: reflexões sobre práticas contemporâneas”, produção desenvolvida pelo Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais por meio da Comissão de Psicologia Organizacional, foi lançado nesta segunda-feira, 25. A divulgação integrou a roda de conversa sobre “O trabalho na contemporaneidade: questões postas à prática da(o) psicóloga(o).”

Assista à transmissão abaixo:

A psicóloga, conselheira do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e integrante da Comissão do CRP-MG, Elizabeth Barbosa, destacou as principais demandas da área, e a necessidade da escuta atenta de psicólogas(os) no atendimento à saúde das(os) trabalhadoras(os), que adoecem no ofício.  “Cada vez mais é preciso que tenhamos o entendimento de como as pessoas vivem e se relacionam com o que acontece no contexto corporativo e de trabalho. Existem algumas ações que impactam esse indivíduo e isso pode ser bom ou ruim”, pontuou.

Elizabeth Barbosa também apontou que é primordial para o reconhecimento da Psicologia enquanto exercício científico, técnico e ético a eficácia das pesquisas sobre a temática e uma fundamentação teórica consistente.

Na publicação, três pontos foram enfatizados sobre a atuação na área da Psicologia organizacional e do trabalho de acordo com Elizabeth: o foco de estudo na organização de trabalho enquanto processo social estruturante; o estudo do trabalho, independentemente de onde ele esteja sendo realizado; e a gestão de pessoas, não apenas na realização do trabalho, mas também no gerenciamento das habilidades dos indivíduos.

Mapa Brasil – Em um segundo momento, a convidada Maria Elizabeth Lima, que é doutora em Sociologia do Trabalho pela Universidade Paris Dauphine e pós-doutora em Clínica da Atividade no Conservatoire National Des Arts et Métiers (CNAM), apontou mudanças estruturais das relações de trabalho. “Países como o nosso, que são de uma economia periférica, além de ter pouca possibilidade de resistir a esse modelo de relações de trabalho, ainda preserva nichos de trabalhos análogos ao trabalho escravo”, afirmou completando que ao “relativizar essas formas contemporâneas de escravidão, há uma legitimação destas práticas, o que permite uma espécie de discriminação, de uma forma de superexploração do trabalho. Não só no campo, mas nos centros urbanos também”.

Outro exemplo destacado pela psicóloga é a tendência à generalização das formas terceirizadas de trabalho. “É um fenômeno mundial, mas é muito acentuado no território brasileiro, ao ponto de presenciarmos, com certa frequência, empresas que demitem seus empregados e recontratam sob a condição de terceirizado”, disse.

Ao encerrar, Elizabeth Lima apresentou pesquisas próprias que mostram que os servidores públicos estão sendo afastados de suas funções por queixas de sofrimento mental decorrentes do ofício, em destaque para a depressão. O dado aponta a reflexão para todos os espaços de trabalho e suas relações, visto que, trata-se de uma categoria que até pouco tempo estava preservada.



– CRP PELO INTERIOR –