25 nov Qual é o lugar da Psicologia na abordagem da cannabis terapêutica?
Tabu, preconceito e estigma sobre este tipo de tratamento foi debatido em live nesta semana
A transmissão organizada pela Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), por meio da Comissão de Orientação em Psicologia em tratamentos em cannabis terapêutica, percebeu o entusiasmo dos profissionais com a área a partir da divulgação da pesquisa ‘O conhecimento da(o) psicóloga(o) mineira(o) sobre o uso da cannabis terapêutica’. A categoria manifestou interesse em informações, qualificações e orientações para o suporte de pacientes e familiares em uso de cannabis. Com esse desdobramento, faz-se necessário dialogar sobre o atendimento específico, tendo em vista que várias(os) psicólogas(os) encontram a demanda nas clínicas e compreendem que o tema deve avançar e que a fazer Psi obtém um lugar singular nesta atenção.
Apresentar informações preliminares sobre a pesquisa à classe, dimensionar o papel da(o) psicóloga(o) no suporte às(aos) pacientes, familiares e cuidadoras(es) e pensar no estabelecimento de protocolos para atendimento foram tópicos que nortearam o colóquio.
A atividade contou com a participação de Anderson Matos – mestre em Psicologia (UFMG), conselheiro e coordenador da Comissão de Orientação em Psicologia em Tratamento sobre Cannabis Terapêutica do CRP-MG, Gerfesson Alves de Oliveira – gerente de projetos na Comply Software Solutions, empresa que desenvolve e oferece o software de gestão de associações utilizado pela Associação Brasileira de Apoio Cannabis Esperança (ABRACE) e Letícia Laranjeira – especialista em análise institucional, responsável técnica do Grupo de Acolhimento no Projeto Mães e Mulheres Jardineiras, membro da Comissão Técnica de Saúde Mental da Sociedade Brasileira de Estudos da Cannabis Sativa (SBEC) e idealizadora da PsicoCannabis: rede brasileira de profissionais da Psicologia que estudam o uso terapêutico da cannabis sativa.
O exercício também teve como mediador, Reinaldo da Silva Júnior – doutor em Ciência da Religião (UFJF), conselheiro secretário do CRP-MG, integrante da coordenação colegiada da Comissão de Direitos Humanos (CDH) e líder do grupo de pesquisa em Psicologia e Transdisciplinaridade do CNPq.
Reinaldo Junior aponta que a cannabis traz, não apenas benefícios no tratamento de doenças neurológicas, mas também corrobora na perspectiva do bem estar de uma forma mais ampla, atuando na capacidade das pessoas conseguirem lidar com a ansiedade e estabelecendo a possibilidade de um autoconhecimento mais aprofundado que propicia uma expansão da consciência.
“Muito tabu, preconceito e estigma rodeia esse assunto e isto traz prejuízos colaterais para a questão” cita Gefferson Alves sobre a utilização da cannabis para fins terapêuticos, reiterando a importância da dialogicidade da pauta.
Anderson de Matos aborda o que conhece-se por psicologia canábica e aduz que a temática possui vários recortes, como o clínico, o institucional e o político. O especialista propõe a tese de que o Sistema Conselhos de Psicologia possa buscar conhecer e regulamentar a terapêutica de modo a atender familiares e pacientes que sofrem e procuram suporte médico e psicológico para melhorar sua condição, corrigindo uma dívida histórica de não se posicionar junto aos que sofrem, precisam de medicamentos ou passam por violências por questões envolvidas com a cannabis.
“O movimento da cannabis medicinal no Brasil começou com a luta de mulheres. Mães e familiares de crianças com epilepsia ou autistas” afirma Letícia Laranjeira. A psicologa caracteriza a Psicologia como um espaço feminista, antirracista, antimanicomial e antiproibicionista, que está no caminho da promoção da liberdade, respeito e dignidade humana.
Confira na íntegra: