Mostra SUAS reconhece importância do trabalho realizado nas políticas públicas frente à pandemia

Encontro aconteceu nos dias 6 e 7 de maio e compartilhou reflexões, debates e apresentações de trabalho

Belo Horizonte sediou a etapa Sudeste da II Mostra Nacional de Práticas em Psicologia no Sistema Único de Assistência Social (SUAS). O encontro propôs um olhar sobre a profissão de psicóloga(o), enquanto trabalhadora(or) inserida(o) nas políticas públicas, e foi marcado por uma adesão expressiva do público: mais de 200 pessoas participaram das atividades e 46 trabalhos foram apresentados durante o evento.

A II Mostra refletiu sobre as transformações no trabalho provocadas pela pandemia de Covid-19. Na mesa de abertura, representantes do Conselho Federal de Psicologia (CFP) e dos Conselhos Regionais de Psicologia (CRPs) dos estados do Sudeste enfatizaram as razões que levaram a essa escolha.

“A Mostra não podia ter um tema senão discutir o que a gente fez durante o período pandêmico e o impacto disso nas nossas atividades de trabalho. Por isso, o tema deste evento é ‘O fazer da Psicologia no contexto da pandemia’”, explicou a representante do CFP, Neuza Guareschi.

A representante do CRP-RJ, Claudia Simões, realçou: “a pandemia foi devastadora para a população que atendemos no SUAS e aí o sistema assume um lugar essencial e estratégico, que nos desafia como profissionais a dar respostas que a população precisa. Não tenho dúvida que esse tipo de partilha que estamos tendo aqui hoje ajuda a achar esses novos caminhos”.

A representante do CRP-SP, Rita Assunção, acrescentou que mesmo antes da pandemia, as políticas de assistência social já passavam por um processo severo de sucateamento. “A pandemia só veio desvelar todo o processo de desmonte que a gente vem enfrentando há algum tempo. Não são mudanças para melhorar ou potencializar. Essa mostra diz que, apesar de tudo, continuamos e resistimos”, denunciou.

Frente a esse cenário de grandes dificuldades, a representante do CRP-ES, Maria Carolina Roseiro, chamou atenção para a articulação entre o Sistema Conselhos e as(os) profissionais: “o trabalho dos Conselhos de Psicologia junto com as(os) trabalhadoras(es) das políticas públicas é de muita resistência. Resistência que hoje se coloca na forma da presença. Estamos aqui presentes porque resistimos. Resistimos à pandemia, sobrevivemos e estamos com saúde. Resistimos no luto, visto que todas e todos tivemos perdas durante a pandemia e isso ainda nos afeta e nos afetará nos próximos anos.”

A conselheira da Comissão de Orientação em Psicologia na Assistência Social, do CRP-MG, Marleide Marques, avalia que a diversidade de formatos foi um dos pontos positivos do encontro: houve mostra de trabalhos, mesas temáticas e rodas de conversa.

Outro aspecto realçado pela conselheira foi a possibilidade de encontro e partilha de experiência realizadas por profissionais dos quatros estados do Sudeste. Para a conselheira do CRP-MG, a abordagem dos diversos temas, como gestão de risco das emergências e desastres e Psicologia Ambiental, foi marcada por um consistente embasamento teórico.

A resiliência das(os) trabalhadoras(es)

Muitas transformações ocorrem no trabalho das(os) profissionais que atuam na Assistência Social, algumas de ordem drástica, outras que acompanham um histórico processo de redução de investimentos. Para esse momento desafiador, a resiliência foi ferramenta importante, como aponta a vice-presidenta do CRP-MG, Jéssica Isabel, quando questionada o que de positivo poderia ser retirado da pandemia para a categoria.

“É muito difícil falar de coisas positivas dentro do SUAS em tempos de pandemia, porque passamos por um grande retrocesso dentro da política e na construção do país como um todo. Esses atravessamentos atingiram diretamente quem estava na ponta: os trabalhadores. Então, se podemos dizer de algo positivo que surgiu a partir do processo da pandemia, é a potencialidade dos trabalhadores nesse tempo onde não tínhamos referencial. Essa capacidade reinventiva que construiu onde não tinha processo orientativo. Não sabíamos como fazer, mas éramos essenciais”, analisa a conselheira do CRP-MG.

A psicóloga Márcia Mansur destaca a oportunidade de se repensar práticas e teorias: “por mais desafios que a gente esteja vivendo, a Psicologia tem produzido conhecimentos muito importantes junto a outras profissões”.

Participação do público

A psicóloga Leonice Silva veio do norte de Minas para ver os debates: “atuo na cidade de Janaúba, estou bastante animada principalmente com os temas que são relativos à alta complexidade. Vemos que o SUAS é uma construção contínua.”

O psicólogo Paulo Fernandes, também do município Janaúba, conta que se sentiu motivado a participar do encontro para estabelecer articulações com outras(os) profissionais e saber mais sobre as diferentes possibilidades de atuação no SUAS.

A psicóloga Andreia, da cidade de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, manifestou particular interesse pelas apresentações de trabalho: “estou muito interessada nos conteúdos que serão compartilhados nas apresentações, especialmente nesse momento em que há tanta demanda para a assistência social”.

Nota de repúdio

As(os) participantes do evento aprovaram uma nota de repúdio à precarização dos vínculos de trabalho das(os) profissionais que atuam no Sistema Único de Assistência Social, processo que tem ocorrido por meio de contratações via organizações da sociedade civil, pagamentos de bolsas, dentre outras formas.

A nota será encaminhada ao Fórum Nacional de Trabalhadoras e Trabalhadores do SUAS (FNTSuas) e Conselhos Estaduais de Assistência Social.

Transmissão

Para quem não foi ou deseja rever as atividades da Mostra, a gravação das mesas de abertura, mesa temática, roda de conversa FNTSUAS e a mesa de encerramento estão disponíveis no canal do CRP-MG no Youtube, acesse aqui.

Acesse as fotos da II Mostra.



– CRP PELO INTERIOR –