Conselhos Regionais de Psicologia do Sudeste dialogam sobre maternidade, sexualidade, violências e corporalidades das mulheres

Evento integrou a agenda dos “16 dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres” e está disponível no canal do CRP-ES/16

No dia 8 de dezembro, o Conselho Regional de Psicologia – Espírito Santo (CRP-ES/16) sediou o Seminário “Histórias de mulheres que precisam ser escutadas: vidas, violências, resistências e práticas da Psicologia”, disponível no canal do CRP-ES/16 no YouTube.

O encontro aconteceu na Universidade Federal do Espírito Santo e foi organizado em conjunto com os Conselhos Regionais de Minas Gerais (CRP-MG/04), Rio de Janeiro (CRP-RJ/05) e São Paulo (CRP-SP/06) por meio de suas comissões de Orientação em Psicologia, Mulheres e Questões de Gênero. O Programa de Pós-Graduação em Psicologia Institucional da Universidade Federal do Espírito Santo (PPGPSI/Ufes) também apoiou o evento.

A conselheira vice-presidenta do CRP-ES, Marina Francisqueto Bernabé, abriu o diálogo destacando que realizar um evento sobre essa temática não é simples, pois as violências contra as mulheres não são vistas como um problema grave pela sociedade, embora os números demonstrem o contrário.

“Segundo o Anuário do Fórum de Segurança Pública divulgado neste ano, a violência de gênero só aumenta. Em 2022, foram 1.341 feminicídios, 2.028 tentativas e 230.861 lesões corporais, ou seja, mais de duzentos mil casos de violência doméstica”, destacou a conselheira. “E 62% dos feminicídios são de mulheres negras, 70% das mortes violentas são de mulheres negras”, completou.

A vice-presidenta do CRP-MG, Liliane Martins, participou da construção do evento e mediou a Mesa “Sexualidades de Mulheres Lésbicas e Bissexuais”. A conselheira, que também é Referência da Comissão Orientação de Mulheres e Questões de Gênero, lembrou situações como a de Luana Barbosa. “Era uma mulher preta, sapatona, periférica, que performava masculinidade. Ela foi abordada pela polícia, levantou a blusa para mostrar os seios e provar que era uma mulher, mas, mesmo assim, foi espancada e morta. E ainda hoje os responsáveis não foram presos”, denunciou.

Também integrou a Mesa a coordenadora da “Comissão Mulheres e Questões de Gênero” da subsede Centro-Oeste do CRP-MG, Priscilla Messiane Santos. Em sua fala, a conselheira apresentou o “LesboCenso”, mapeamento inédito no Brasil feito com mulheres lésbicas e bissexuais, realizado pela Liga Brasileira de Lésbicas (LBL). “De acordo com a pesquisa, oito a cada dez mulheres lésbicas e bissexuais afirmam ter sofrido algum tipo de violência. Outro dado revelador é que 70% das participantes disseram ter medo de dizer a orientação sexual nos atendimentos de saúde”, alertou.

O seminário ainda contou com as Mesas “Mulheres e Violências: Reconhecimento, Manejo e Proteção” e “Mulheres, Corpo e Dispositivo Materno”. Um dos assuntos mais enfatizados foram os direitos reprodutivos, com destaque para a perspectiva do aborto e o quanto esse tema é abrangente.

16 Dias de Ativismo

O encontro integrou os “16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, apoiados pelos CRPs. Essa campanha internacional, anual, tem início com as comemorações do Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, celebrado no dia 25 de novembro, e vai até 10 de dezembro, Dia dos Direitos Humanos. O objetivo é engajar indivíduos, governos e sociedade civil, em todo mundo, na prevenção e na eliminação desse tipo de violência.

Continuidade

Na avaliação da vice-presidenta do CRP-MG, Liliane Martins, o encontro no Espírito Santo foi um momento rico, de partilha, composto por mulheres diversas e, por isso, a proposta é que seja continuado. “No dia seguinte ao seminário, as Comissões da Região Sudeste se reuniram e deliberaram por criar um ciclo de eventos a partir deste, com pretensão de dois novos encontros em 2024: um no Rio de Janeiro e outro em Minas Gerais. Nestes próximos, iremos incluir mulheres indígenas e PCDs”, revelou.

Assista ao Seminário “Histórias de mulheres que precisam ser escutadas: vidas, violências, resistências e práticas da Psicologia” na íntegra e acompanhe as reflexões:

Manhã:

Tarde:



– CRP PELO INTERIOR –