05 ago Conselho participa da organização de seminário para dialogar sobre a política de drogas no país
Evento foi organizado em três mesas para refletir sobre o cuidado com as pessoas para além da guerra anti-drogas
O IV Seminário da Frente Mineira de Drogas e Direitos Humanos, realizado em parceria com o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais no último 29 e 30 de julho, ampliou os diálogos sobre a atual conjuntura da política de drogas no país. Foram três mesas com especialistas no cuidado em liberdade.
A conselheira vice-presidenta do CRP-MG Lourdes Machado foi uma das convidadas na abertura do evento. A psicóloga defendeu o modelo de saúde pública vigente no país, mesmo diante de todos os desafios causados pelos desmontes da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). “Nós temos o Sistema Único de Saúde Mental, o SUS, alinhado com a reforma psiquiátrica brasileira, que inclui os Centros de Atenção Psicossocial, os CAPS e, por sua vez, os CAPS AD, responsáveis por acolher a demanda de usuárias e usuários em uso prejudicial de álcool e outras drogas. Neles podemos garantir a proteção e os direitos das pessoas, mas temos assistido um desfinanciamento progressivo por meio de medidas legislativas para privilegiar o modelo das Comunidades Terapêuticas, onde as abordagens não são validadas cientificamente, e principalmente na violação dos direitos humanos”, denunciou a conselheira.
Soma-se a esse fato, segundo Lourdes Machado, o proibicionismo e a criminalização permitem enrijecer ainda mais a política nacional sobre drogas no nosso país. Não podemos permitir o retorno do paradigma manicomial no cenário brasileiro a partir do aumento de internações prolongadas e até mesmo sem prazo, com privação de direitos das pessoas em uso de drogas”, assinalou a psicóloga convocando trabalhadoras e trabalhadores da saúde a resistir. Diz ainda: O CRP-MG tem o compromisso de sempre: estar ao lado das lutas que afirmam a vida, a liberdade, o cuidado, o antiproibicionismo e os direitos humanos. Seguimos na luta, com indignação e esperança, ao lado de quem resiste e insiste em construir um mundo onde caibam todos os corpos e todas as vidas.
Com o tema “Para além da guerra: drogas, política e cuidado” e na perspectiva integral e interseccional, o Seminário se desdobrou nas mesas “Do proibicionismo à legalização: conjuntura da política de drogas”, “Qual o horizonte que queremos? Experiências de cuidado em liberdade” e “Infâncias e adolescências interrompidas: como promover vida frente ao proibicionismo?” e contou com mediações feitas pelos conselheiros do CRP-MG Daniel Melo e Gab Lamounier.
Os diálogos trouxeram as raízes históricas do proibicionismo e sua função como ferramenta de controle social e racial desde o colonialismo até os dias de hoje: o encarceramento em massa, o extermínio da juventude negra e a constante negação e violação de direitos.