11 set CRP-MG premia vencedores do VIII Concurso de Fotografia “O 18 de Maio visto por diferentes ângulos”

Cerimônia destacou a memória do militante e artista Rogério Sena e reafirmou a importância da luta antimanicomial em Minas

O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) realizou, no dia 5 de setembro, a cerimônia de premiação do VIII Concurso de Fotografia “O 18 de Maio Visto por Diferentes Ângulos – Prêmio Rogério Sena”. O evento aconteceu no Auditório Rosimeire Aparecida da Silva, na sede do Conselho, em Belo Horizonte. Realizado por meio da Comissão de Orientação em Psicologia, Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, o objetivo do concurso é dar visibilidade às atividades desenvolvidas em Minas Gerais em prol da Luta Antimanicomial.

Na abertura da cerimônia, foi exibido um vídeo do Desfile do Dia 18 de maio deste ano, produzido pelo Fórum Mineiro de Saúde Mental, em parceria com a Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Minas Gerais (ASUSSAM-MG) e a Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial (RENILA). Com o tema Ainda lutamos aqui – Contra os golpes dos opressores, pela louca revolução, anistia não é a solução, a produção reuniu imagens e depoimentos de participantes do desfile, no embalo do samba-enredo Baseado em Fatos Reais, composto por usuárias(os) e monitoras(es) do Centro de Convivência Oeste e do Centro de Convivência Barreiro.

Na mesa de abertura, a conselheira tesoureira do CRP-MG, Cláudia Esposito, lembrou que o evento está em sua oitava edição e que, após uma pausa durante a pandemia, foi retomado como forma de reconhecimento às práticas antimanicomiais e à luta por um tratamento digno, em liberdade. “Precisamos nos opor aos ataques contra a democracia e as liberdades. E a melhor forma de fazermos isso é dando visibilidade ao movimento da luta antimanicomial, lutando por uma sociedade sem manicômios, por uma ideologia antiproibicionista”, defendeu. Ela acrescentou ainda que essa luta não se restringe apenas a profissionais da Psicologia, usuárias(os) dos serviços e familiares. “É uma luta de toda sociedade”, reforçou.

A conselheira referência da Comissão de Orientação em Psicologia, Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas, Isabella Lima, ressaltou que o concurso vai além da celebração de diferentes olhares sobre o 18 de maio. “Ele é também uma busca de reafirmação da importância da nossa memória histórica, um jeito de produzir memória”, afirmou. Para a psicóloga, o desfile é um ato político e uma manifestação cultural que celebra a liberdade e mantém vivas as denúncias contra as violências manicomiais em quaisquer instituições. “O 18 de maio em Minas Gerais é sempre singular. Ele nos lembra que a luta antimanicomial não é só resistência, mas também uma criação poética de outros mundos. É a aposta numa sociedade em que a dignidade e a liberdade sejam para todas as pessoas”, avaliou.

Os vencedores

O momento mais aguardado da cerimônia foi a entrega dos troféus e certificados às(os) vencedoras(es) do concurso.

A primeira fotografia a ser premiada, seguindo a ordem alfabética, foi Pelos Olhos de Wagner, de Laura Lemos e Wagner Luan. Laura agradeceu aos integrantes do Projeto Arte da Saúde, que estiveram no auditório prestigiando a entrega.

Na sequência, o estudante de Psicologia da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), Lucas de Oliveira Gomes, foi chamado para receber o prêmio pela obra A Estação da Liberdade: Ecoando Vidas que Resistem. Participando do concurso pela segunda vez, Lucas destacou a importância da atividade como instrumento de denúncia e de divulgação da luta antimanicomial, especialmente entre quem ainda desconhece a pauta.

Depois, Maíra Almeida Carvalho e Luciane Raimunda Pedro (Pituca) receberam o troféu pela fotografia Desfile da Luta Antimanicomial. O registro mostra Pituca, rainha do congado em sua cidade, durante a celebração do 18 de maio. Para Maíra, autora da foto, o momento foi muito simbólico, visto que ela acabou de encerrar um ciclo de 10 anos de atuação no contexto da saúde mental em Mariana (MG), cidade de Pituca.

O quarto premiado foi Stéfano Santiago de Campos, recém-formado em Psicologia, com a imagem Resistência e Alegria. Stéfano já havia participado do concurso em outra edição e celebrou a vitória neste ano.

Encerrando a entrega, Tiago Furbino Elias recebeu o reconhecimento pela fotografia Desfile 18 de Maio de 2025. Tiago teve a iniciativa de participar do concurso após ter acompanhado a cerimônia do ano anterior como parte de sua trajetória acadêmica na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Voltado a fotógrafas(os) amadoras(es) e profissionais, o concurso recebeu inscrições de todo o estado, com registros de atividades realizadas em celebração ao 18 de maio. As imagens foram avaliadas por uma comissão julgadora e, na segunda etapa, submetidas à votação popular. As cinco mais votadas permaneceram expostas durante a cerimônia de entrega dos troféus e certificados às(os) respectivas(os) autoras(es).

Todas as obras podem ser acessadas aqui.

Tributo a Rogério Sena

Nesta edição, o concurso homenageou Rogério Sena, figura emblemática da luta antimanicomial em Minas Gerais. Artista, ativista e defensor dos direitos humanos, Rogério esteve à frente da Associação dos Usuários dos Serviços de Saúde Mental de Minas Gerais (ASUSSAM-MG) desde sua fundação e atuou também no movimento negro, no Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte e na Central Única dos Trabalhadores. Parceiro da Associação Imagem Comunitária, integrou projetos audiovisuais e ações culturais que promoviam o protagonismo de usuárias(os) dos serviços de saúde mental. Rogério faleceu em 2024, ano em que sua arte ilustrou os cartazes comemorativos do 18 de maio.