25 set A liberdade no exercício dos direitos sexuais e (não) reprodutivos deu o tom do Cine Diversidade de setembro
Convidadas(os) demarcaram importância do acesso à saúde e às políticas públicas
Os curtas-metragens brasileiros “Inventar Passarinhos”, “Fluido” e “Parto, mas volto” foram exibidos na edição de setembro do projeto Cine Diversidade, promovido pelo Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), em parceria com o Cine Santa Tereza e a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). As temáticas abarcaram identidade de gênero, maternidade e família e tiveram relação com a exposição virtual realizada antes do bate-papo com fotografias do Projeto Lavanda, que reúne registros realizados com usuárias(os) dos Centros de Referência em Saúde Mental, Álcool e Drogas (CERSAMS AD’s) de BH em 2023, idealizado pelas artistas Bianca Aun e Carol Oliveira. O trabalho propõe um olhar afetivo sobre as experiências de cuidado e acolhimento em saúde mental. A edição contou ainda com o apoio do Grupo de Extensão sobre Psicologia e Aborto na América Latina da UFMG (GEPSILA).
Após as exibições dos curtas e com a exposição em tela, o público presente no Cine Santa Tereza, na noite do último dia 23, participou da roda de conversa mediada pelo psicólogo e ativista transfeminista e antimanicomial, Ráiz Policarpo. Os diálogos foram provocados pelas(os) convidadas(os) Eli Nunes, artista multidisciplinar, Lígia Dias Wolbert, psicóloga integrante do Núcleo de Pesquisa, Ensino e Extensão Conexões de Saberes na UFMG e Maycon Elias Santana, homem trans integrante da diretoria do coletivo Trans Viva.
Ao abrir a sessão comentada, Ráiz Policarpo demarcou que o tema é atravessado pelo desejo e luta por liberdade perpassada por questões a partir da perspectiva antimanicomial. “Fizemos essa curadoria de filmes na tentativa de trazer uma dimensão ampliada de direitos sexuais e não reprodutivos a partir da visão da saúde quando pensamos na dignidade menstrual, na sexualidade, na expressão ou não do corpo e também na reprodução, no escolher ou não gestar, e como garantir os acessos de uma forma bem cuidada. Pensar nessas políticas enquanto práticas de cuidado”, explicitou o psicólogo.
Confira a seguir pontos abordados pelas(os) convidadas(os):
“Quando iniciei a transição enfrentei muita dificuldade de acolhimento, me sentia um corpo sendo estudado. Por isso venho me dedicado a ajudar as pessoas neste momento tão importante da vida e que as mudanças que passamos são sempre marcadas por violências. Estou aqui e em todos espaços falando do meu passado para que não se apague a minha história.”
Maycon Elias Santana, homem trans integrante da diretoria do coletivo Trans Viva.
“É simbólico mostrar nossos fluidos, nosso corpo se revelar natural, como um corpo humano, para sustentarmos esse lugar de luta, dessas camadas humanas e vulneráveis que não são mostradas. Estamos reiventando caminhos, decidindo nossos caminhos. Vimos aqui filmes muito sensíveis, lindos.”
Eli Nunes, artista multidisciplinar.
“Cheguei à UFMG vindo de uma instituição particular onde não apareciam temas como os tratados aqui hoje. Não podíamos falar ou pesquisar sobre. E quando eu chego no Núcleo Conexões de Saberes vejo essas temáticas sendo centrais.”
Lígia Dias Wolbert, psicóloga integrante do Núcleo de Pesquisa, Ensino e Extensão Conexões de Saberes na UFMG.