17 set A Psicologia e o golpe civil e militar foram debatidos no Conselho
A partir do resgate histórico do período do golpe civil militar no Brasil, a psicóloga Priscilla Messiane Santos e a graduanda em psicologia Paula Maria Duarte, ambas integrantes do Grupo de Trabalho Diversidade Sexual e Gênero do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) e atuantes no coletivo ampliado do Núcleo Abrapso BH, propuseram, nesta quarta-feira (16/9) o debate “Golpe civil militar: revisitando a história, debatendo ações em Psicologia” no ciclo de eventos semanais do Conselho “Psicologia em Foco”. A psicóloga integrante da Comissão de Direitos Humanos do CRP-MG, Débora Matoso Costa coordenou a roda de conversa. Clique aqui para ver as fotos do evento.
“É muito importante falar dessa temática, principalmente numa época em que vemos as pessoas pedindo o regime militar nas ruas”, ressaltou Paula Duarte. Em sua apresentação ela delegou à informação e à educação a missão de alertar a sociedade acerca das práticas totalitárias. “Temos que utilizar dessas memórias passadas para significar nosso presente e repensar como nós, enquanto cidadãos, enquanto psicólogas e psicólogos, contribuímos para o reforçamento desse tipo de atitude”, disse.
Priscilla Messiane, por sua vez, iniciou sua fala destacando que o evento em si é um momento muito “rico”, sobretudo por ser realizado por uma graduanda e uma recém formada: o CRP-MG nos dá a oportunidade de discutir o fazer da Psicologia, de trocar informações e experiências independente do lugar que você ocupa. Em relação ao debate proposto para o Psicologia em Foco desta semana, a psicóloga chamou a atenção para a herança histórica que perdura. “A morte da ditadura deve ser contínua. O que temos que realçar é a questão do posicionamento político da psicóloga, do nosso lugar nos movimentos sociais”, questionou.
Formação – Durante o debate e nas colocações dos participantes foi ressaltado o ensino da psicologia e seu papel neste contexto. Paula Duarte disse que ”o grande desafio é vencer as barreiras de constituição da profissão e tentar se implicar cada vez mais como profissional e ser humano”.
Para Priscilla Messiane, o ensino da psicologia ainda é tecnicista. “Temos que refletir sobre como estamos colaborando, qual nossa identidade profissional, nossos limites e trocas possíveis. A ética da profissão tem que ser mutável. Precisamos, o tempo todo estar atentos ao contexto, ao que nos chega, sobretudo nos serviços públicos de saúde. A psicologia tem que vir no compasso do momento, da política, da convivência, das cidades, das limitações de cada um em sua vivência. Infelizmente ainda vemos profissionais com a mesma prática da época do golpe civil militar que é uma prática normalizadora”, colocou a psicóloga.
Débora Matoso Costa incentivou a participação do público presente no Psicologia em Foco com vistas à possibilidade da psicologia se reiventar. “Temos que refletir e discutir nossa função diante de novas subjetividades, como lidamos com essas novas questões e pensar um pouco no nosso trabalho e na interface com os outros saberes”, disse ela que completou convocando para pensar psicologia de uma maneira mais crítica e posicionada politicamente.
