10 jul Cine Diversidade aborda visibilidade não-binária com sessão comentada, em BH
Exibição será no dia 15 de julho, às 19h, com entrada gratuita
O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) vai realizar, no dia 15 de julho, mais uma edição do projeto Cine Diversidade, em parceria com o Cine Santa Tereza e a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Também compõe a programação deste mês a exposição Cuir Okupa Calle, que reúne registros fotográficos das ações da coletiva transfeminista Basuras Coletiva e suas intervenções nas ruas de BH. Esta edição conta com o apoio do Movimento Autônomo Trans de BH, do Coletivo Não Binárie de Minas Gerais e da Basuras Coletiva.
Com o tema Visibilidade Não-Binária, serão exibidos dois curtas-metragens brasileiros que abordam identidade de gênero, resistência e futurismo trans.
Confira os filmes:
Título: Manifesto Não-Binário pela Desistência do Gênero
Direção: Zaíra Magalhães
País: Brasil
Ano: 2022
Gênero: Autobiografia
Duração: 2 min
Classificação: Livre
Sinopse: Manifesto não-binário pela desistência do gênero.
Título: Se Eu Tô Aqui é por Mistério
Direção: Clari Ribeiro
País: Brasil
Ano: 2024
Ficção: 22 min
Classificação: 16 anos
Sinopse: Novo Rio, 2054. A renomada bruxa Dahlia chega ao porto com uma missão: fundar o clã mais poderoso que já existiu e derrotar a Ordem da Verdade. No futuro, muitas pessoas são trans – mas só algumas são bruxas.
Diálogo com a plateia
Após as exibições, o público poderá participar de um bate-papo com convidadas(os) ativistas do movimento não-binárie:
Zaíra Magalhães – Pessoa negra, não-binária e de Axé. Criador do projeto de multilinguagens Las Palozas, em que produz arte e articula negócios em áreas como música, cinema, fotografia, moda, entre outras linguagens, ao lado da multiartista Paloma Alves. Em sua filmografia conta com o documentário “Encontro das águas” (2016) e o mini doc “Manifesto não binário pela desistência do gênero” (2022).
Ráiz Policarpo – Ativista transfeminista e antimanicomial. Psicólogo e educador social. Artista, com foco nas linguagens da escrita, das artes visuais e da ocupação das ruas. Integra Basuras Coletiva.
Mediação:
Tuty Veloso Coura (e/elu/e) (a/ela/a) (i/ili/i) (CRP-04/70.463) – Travesty negra. Psicóloga no Núcleo LGBT+ de Contagem. Coordenadora da Comissão de Orientação em Psicologia, Gênero e Diversidade Sexual do CRP-MG. Integrante do Coletivo NBMG, das Articulações Nacionais de Psis Trans e LGBTI+ (ANP TRANS /ANPLGBTI+).
Exposição Cuir Okupa Calle
Durante o evento, o público poderá conferir a exposição Cuir Okupa Calle. A mostra é fruto das ações da Basuras Coletiva e propõe uma reflexão visual sobre ativismos trans, arte de rua e as diversas formas de desistência do gênero.
Por meio da linguagem do lambe-lambe, as fotografias retratam as impermanências da arte urbana e registram intervenções realizadas em redes e ruas de Belo Horizonte. A exposição aborda temas como memória trans, justiça não reprodutiva e expressões dissidentes de gênero, propondo uma narrativa coletiva e crítica sobre os modos de existir e resistir nos espaços públicos.
Ingressos
Os ingressos são gratuitos e podem ser retirados pelo site Sympla. Além disso, uma cota de 50% dos bilhetes será disponibilizada para retirada presencial no Cine Santa Tereza, 30 minutos antes da sessão.
O CRP-MG emite certificado de participação. Para acessá-lo, basta escanear o QR Code que estará disponível no cartaz fixado no local do evento e preencher o formulário.
O projeto
O Cine Diversidade é promovido pelo Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais (CRP-MG), em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, da Fundação Municipal de Cultura e da Subsecretaria de Direitos de Cidadania. Criado em 2017, o projeto tem o objetivo de fomentar reflexões sobre gênero, sexualidade e Psicologia por meio do cinema, além de incentivar produções audiovisuais como ferramenta de orientação e combate a preconceitos e estigmas. Dessa forma, contribui para o enfrentamento da LGBTfobia e do racismo e fortalece essas pautas na agenda cultural de Belo Horizonte.
AGENDA
Cine Diversidade – Visibilidade Não-Binária
Data: 15 de julho de 2025
Horário: 19h
Local: Cine Santa Tereza (R. Estrela do Sul, 89, Santa Tereza, Belo Horizonte/MG)
Cine Brasília
Edição especial do Cine Diversidade é realizada em Brasília, como parte da programação oficial da XXIV Jornada LGBTI
Este mês também contou com uma edição especial do Cine Diversidade, realizada no Distrito Federal. O evento integrou a programação oficial da XXIV Jornada LGBTI e ocorreu no dia 2 de julho no Cine Brasília.
A sessão teve como tema História e memória do movimento LGBTI+ brasileiro e exibiu o documentário Quando Ousamos Existir, seguido de um bate-papo com o co-diretor do longa, Cláudio Nascimento.
“A cultura é um território de disputa, afirmação e existência. E seguir contando nossas histórias é também uma forma de lutar por futuro”, afirmou o documentarista.
Também participaram do diálogo a conselheira do CRP-MG Suellen Fraga, o historiador James Green, a representante do grupo Estruturação e coordenadora do Centro Comunitário LGBT + Rio, Paola Moreira, e o presidente da Aliança Nacional LGBTI+, Toni Rei.
Suellen Fraga ressaltou a importância da obra, que explora momentos marcantes na história da comunidade LGBTQIA+. “É um documentário histórico, que nos convida a entender como a história se dá, como se deu e qual a importância dessa memória e de tê-la documentada. A partir desse tipo de trabalho, de produção, temos o registro da nossa história no Brasil. Quantas perspectivas, culturas e estratégias se pode pensar a partir da memória!”, refletiu a psicóloga.
Para o historiador James Green, o filme é um convite à mobilização, para que não haja retrocessos. “Eu acho que é o momento de começarmos a refletir sobre 50 anos, cinco décadas de lutas pela nossa libertação, pelo nosso direito a existir nessa sociedade, mundialmente. O panorama atual traz um apelo ou uma chamada para todo mundo aqui pensar em que momento e em que lugar pode colaborar para evitar a derrota das forças progressistas”, convocou.
Já Paloma Moreira chamou a atenção para o grupo responsável pela obra. “Nós estamos falando de uma produção cultural e intelectual de pessoas LGBTs para pessoas LGBTs. A gente não está falando aqui sobre pessoas que utilizaram da nossa pauta ou dos nossos corpos para produzirem em cima disso. São pessoas que vivenciaram a maior parte desses momentos, que vivenciaram essas lutas e que conhecem as nossas dores. Então, a gente está falando de uma produção entre pares e isso é muito relevante. As pessoas que estão por trás desse documentário são pessoas que conhecem a nossa dor e isso torna tudo mais especial”, observou.
Por sua vez, Toni Rei lembrou o apoio da Psicologia à comunidade LGBTQIA+. “Eu sou testemunha desse apoio desde 1987, quando a gente já discutia a futura Resolução CFP 01/99, que estabelece normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da orientação sexual. Então parabéns ao Conselho Regional de Minas pela iniciativa do Cine Diversidade e ao meu amigo Cláudio Nascimento, pela sensibilidade do filme. Você não pegou o lado da história, você pegou as pessoas falando. E quem conclui somos nós, que estamos assistindo”, exaltou.
A mediação foi feita pelo coordenador da Comissão de Orientação em Psicologia, Gênero e Diversidade Sexual (COPGDS) do CRP-MG, Lucas Lopes. O evento também contou com a participação da conselheira referência da COPGDS, Lorena Rodrigues.
A edição especial contou com o apoio do Box Cultural, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, da Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas, da rede GayLatino, da Aliança Nacional LGBTI+ e do Grupo Estruturação.
