Conselheira do CRP-MG recebe homenagem na Assembleia Legislativa por atuação na defesa dos direitos humanos

Lorena Rodrigues integra o XVII Plenário da autarquia. Compõe a coordenação da Comissão de Orientação em Psicologia e Juventudes e é referência para a Comissão de Orientação em Psicologia, Gênero e Diversidade Sexual

Com informações da ALMG

Lorena Rodrigues recebe homenagem na Assembleia

Homenagem a mulheres negras na Assembleia. Da esquerda para a direita: Andréia de Jesus (deputada PT/MG), Lorena Rodrigues (homenageada) e Lohanna (deputada PV/MG). Foto: Willian Dias/ALMG

Nesta quarta-feira, 17 de julho, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) homenageou mulheres negras que se destacam na defesa dos direitos humanos. A conselheira do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), Lorena Rodrigues, integrou o grupo de homenageadas e, bastante emocionada, falou ao público presente à atividade: “sou uma mulher negra, lésbica, da cidade de Formiga, que reside em Divinópolis. Sou psicóloga social, mestra, professora e conselheira no Conselho Regional de Psicologia”.

Em seguida, reforçou a perspectiva a partir da qual atua: “quero destacar nesse momento histórico que a minha luta é coletiva, que estamos construindo uma Psicologia que não quer palanque, quer roda, quer circular, ao invés de alinhar, que está comprometida com construções a partir da interseccionalidade”. A conselheira também destacou o quanto as parlamentares mulheres que estão na Assembleia são sinal de esperança para quem milita diariamente pelos direitos humanos.

A conselheira recebeu a homenagem a convite da deputada estadual Lohanna (PV-MG). “A Lorena atua dentro da Psicologia, essa área que está tão intrinsecamente ligada aos direitos humanos, na perspectiva do feminismo interseccional. Isso nos representa tanto porque é a Psicologia que consegue ter esse olhar atento, que consegue ver cada mulher dentro da luta que ela carrega, dentro do espaço que ela ocupa e dentro também das demandas e necessidades que essa mulher traz. A Lorena me representa muito! Tenho certeza de que ela tem uma trajetória muito longa na defesa e na promoção dos direitos humanos”, enfatizou a deputada.

Julho das Pretas

A audiência pública de homenagens mútuas entre parlamentares e mulheres negras que atuam na defesa dos direitos humanos foi organizada pela Comissão de Direitos Humanos da ALMG, atendendo requerimento de sua presidenta, deputada Andréia de Jesus (PT).

Na ocasião, foi celebrada a recente aprovação do Projeto de Lei (PL) 1.110/23, que institui, em Minas Gerais, o Julho das Pretas e determina que as ações a serem desenvolvidas no período devem estar em consonância com as diretrizes da Política Nacional de Promoção da Igualdade Racial, com o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres e com os respectivos planos estaduais e locais da temática.

Poesia

Ao concluir a fala na solenidade na Assembleia, a conselheira Lorena Rodrigues declamou um poema de sua autoria em homenagem a todas as mulheres negras, cis, trans ou travestis:

Erguer a Voz: Viver a alegria é desafiar a dor

E quando vamos parar de falar pela dor?
Quando vamos parar de nos expressar pela dor?
Quando vamos parar de sentir dor?
Quando vamos poder, parar, sem sentir culpa ou dor?
Quando vamos ser reconhecidas como mulheres?
Quando vamos ser reconhecidas como seres, e não, como quem está ali pra servir?
Quando vamos parar de servir?
O que acontece quando paramos de servir?
Não servimos mais?

Até sustentar a alegria, após o recomeço é desafiador.
Viver a alegria é desafiar a dor.
É romper com esses roteiros e enxergar essas diferenças que querem cobrir.
Querem cobrir para que possamos continuar a servir.

Talvez seja a hora de se levantar daquele lugar apertadinho no final da mesa, ou fora dela
E ocupar onde você quiser ocupar
E usar a sua voz, o seu corpo, e se enxergar como um ser que pode e deve erguer a voz
E não se calar
E não performar aquele roteiro que te deram

Viver enquanto ser, e não como objeto
Com uma rede de afetos
Uma rede que te ajuda a seguir
Uma rede de mulheres, mulheres negras
Que sempre cuidam umas das outras e raramente recebem cuidados

Cansamos de servir
E vamos usar nossas vozes para questionar
Cansamos de nos silenciar para ocupar
Vamos usando nossas redes para nos sustentar
Vamos usando nossas vozes para salvar a nós mesmas
Vamos confluindo e também discordando
Vamos desafiar a dor com a nossa alegria



– CRP PELO INTERIOR –