13 ago Conselho promove debate sobre a atuação de psicólogas(os) em programas de IST/HIV?Aids
Conversar e refletir sobre o documento “A atuação de psicólogas(os) em programas de IST/HIV/Aids”, buscando aprimorar seu conteúdo, foi o objetivo da roda de conversa realizada nesta segunda-feira, 12, pelo Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), com o convidado Roberto Chateaubriand Domingues. Ele é psicólogo, trabalhador do Centro de Referência Orestes Diniz – serviço Municipal especializado em acompanhamento de pessoas vivendo com HIV/Aids. O Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop) realizou consulta pública prévia e agora reunirá as contribuições da categoria, “garantindo que sua versão final reflita os interesses e a prática das(os) profissionais desta área”, informou a psicóloga atuante no Crepop Minas, Leiliana Sousa, durante a abertura do evento. Ela explicou ainda que o Crepop sistematiza o conhecimento e práticas de psicólogas(os) que atuam nas políticas públicas.
Para iniciar o debate Chateaubriand Domingues realçou a importância da consulta pública no sentido de enriquecer o trabalho, mas ponderou: “seria importante que pudéssemos incidir nossos saberes junto à comunidade de um modo geral e não apenas às pessoas que vêm com HVI”.
Segundo ele a sociedade ainda vive o que chamou de “ecos dos anos 80, ou seja, que por mais que se diga que hoje haja uma relação mais tranquila com o HVI, isso é “apenas uma meia verdade”.
Impactos – O psicólogo pontuou, por diversas vezes durante o evento que a AIDS e a infecção pelo HVI têm um importante impacto na forma como são construídas as subjetividades, a maneira como as pessoas veem o mundo e se relacionam. “A ideia de onde vem só é importante na medida em que propicia para o sujeito uma apropriação do diagnóstico. Embora possa parecer paradoxal, é fundamental que ele consiga reconhecer, nem que seja para si mesmo, a história de risco para que isso não seja uma ficção. O diagnóstico precisa surgir encontrando espaço nesse tecido que é a identidade do sujeito. Se ele nega até mesmo a forma como ele se infecta, consequentemente o tratamento, a adesão, tudo isso fica comprometido ”, assegurou.
Roberto Domingues colocou também para o público reflexões tais como: se a Psicologia diz que o sujeito é autônomo para tomar suas decisões, a(o) psicóloga(o) tem que reconhecer que aquela posição de não usar preservativo é uma posição legítima; a criminalização da transmissão do HIV; e a política de controle do outro.
“Nós partimos do pressuposto que um corpo saudável é de determinada forma e isso vai em direção contrária a ideia de que eu posso ter HIV e ser saudável. São várias as dimensões que eu politicamente e eticamente estou aderindo a um projeto”, concluiu o convidado.