26 nov Reunião do Crepop discutiu o papel da Psicologia nas políticas públicas
A Psicologia está presente na efetivação de políticas públicas e integra o grupo de profissionais que atua nos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS). No entanto, ainda há algumas lacunas que precisam ser preenchidas, pois, segundo a legislação, cada centro deve ter pelo menos um psicólogo (a). Em 2010, de quase oito mil CRAS espalhados pelo país, 1.045 não têm nenhum profissional de Psicologia.
Esse e outros dados do Censo feito pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) pautaram a mesa sobre “Utilização de dados e Metodologia Censo/SUAS- MDS na Política de Assistência Social”. O debate aconteceu na sexta-feira (26/11), na sede do CFP, em Brasília, durante a Reunião Nacional do Centro de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas (Crepop).
De acordo com a secretaria adjunta de Avaliação e Gestão da Informação- SAGI/MDS, Paula Montagner, a falta de profissionais é percebida principalmente nos municípios de pequeno porte – cidades com até 50 mil habitantes.
A falta de psicólogos em alguns CRAS é reflexo da falta de concursos públicos específicos que legitimam o serviço dos profissionais de Psicologia, segundo a representante do CRP 04, Paula de Paula. “Sem ter concurso público, ele pode ficar a mercê da terceirização do trabalho dele. A maioria [dos profissionais] está na região Sudeste, porque é onde os municípios são maiores e têm mais atrativos.”
Para a conselheira coordenadora nacional do Crepop, Márcia Mansur, um dos objetivos do Crepop é ser um instrumento de gestão e, mais do que isso, garantir a efetividade da política pública através da intervenção do profissional de Psicologia de forma potente, ética e compromissada com a sociedade. “É papel do Conselho garantir que a população receba um atendimento adequado”.
Importância da pesquisa
Os “Aspectos epistemológicos sobre o fazer pesquisa em políticas públicas” foram o objeto de debate da segunda mesa da Reunião Nacional do Crepop. De acordo com a professora de Serviço Social da Universidade de Brasília, Maria Lúcia Leal, é necessário que haja pesquisas que rompam com o conservadorismo das políticas sociais. “Precisamos pensar se as pesquisas realmente conseguem influenciar e quais concepções estamos buscando para aproveitar o conhecimento de uma forma crítica.”
Para ela, é preciso que os pesquisadores questionem o tipo de pesquisa que pode desenvolver metodologias de intervenção social que ajude na racionalização de uma perspectiva participativa. “Quando a gente pensa no paradigma dos direitos humanos e das políticas sociais, você pensa no fortalecimento da cidadania, da democratização da sociedade e das diferenças”, disse Maria Lúcia.
Pesquisa sobre população em situação de rua
Com o objetivo de garantir os direitos humanos, o Crepop está desenvolvendo uma pesquisa para investigar a atuação profissional das psicólogas (os) junto à Política Nacional para a População em Situação de Rua. O objetivo desse processo é construir coletivamente as referências técnicas para uma competente atuação profissional nas políticas públicas.
O representante do Movimento de População de Rua, Jacinto Mateus, que também participou da reunião, disse que, pela primeira vez, os moradores de rua estão desenvolvendo um trabalho de compilação de dados sobre ordens de direito e violência contra a população de rua no Brasil. “Morador de rua também é pesquisador. Vamos ter a possibilidade de construir de maneira singular uma metodologia inovadora.”
Fonte: Site do CFP