Conversa aborda caminhos para superação do racismo

Encontro também falou sobre o orgulho como forma de esperança

O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) promoveu a live “‘A carne mais barata do mercado é a negra’: uma discussão sobre ser negro no século XXI”, dia 31/3. O evento lembrou o Dia Internacional Contra a Discriminação Racial, que ocorre em 21 de março.

A coordenadora da Comissão de Orientação em Psicologia e Relações Étnicos-Raciais da Subsede Norte do CRP-MG, Sheila Gonçalves, foi a mediadora do debate. Em sua fala, Sheila ressaltou o compromisso da Psicologia em relação às questões raciais, independentemente da área de atuação da(o) profissional, uma vez que essa discussão irá atravessar a realidade dessas(es) sujeitos. “E, cada vez mais, precisamos estar atentas(os), aprender, estudar e buscar conhecimento para que não sejamos reprodutoras(es) de preconceitos”, afirma.

A convidada da atividade, artista visual, fotógrafa e acadêmica de Direito, Mariana Ati, comentou que o direito à cidade não perpassa, apenas, pela parte física, mas também inclui os aspectos subjetivos. Assim, a pesquisadora expôs que a desigualdade se dá inclusive por formas indiretas de racismo, como o racismo internalizado.

“O racismo internalizado é a absorção de toda a vivência de racismo que uma pessoa negra tem, todo o ódio e discriminação que ela recebe, que alimenta crenças de incapacidade e de não pertencimento”, explica Mariana. Essas crenças, segundo ela, fazem com que, quando a população negra ocupa certos espaços, haja questionamentos sobre se deveria estar ali ou não. Além disso, ela afirma que outro fator que colabora para isso é o medo construído nas pessoas brancas em relação às pessoas negras. A artista afirma, portanto, que, para serem mais seguros, é necessário ter a noção de que esses espaços são violentos, assim como é preciso ter apoio emocional nos ambientes, a partir, por exemplo, de aquilombamentos, que é a ideia de se juntar aos iguais e se apoiar neles.

A live também teve a presença da vice-coordenadora da Comissão de Orientação em Psicologia e Relações Étnicos-Raciais, Lara Albuquerque. Lara mencionou diversas pessoas negras que usam o orgulho de sua negritude como via de ascensão e levam consigo muitos outros. “Eu quero trazer uma esperança possível diante da dura realidade que enfrentamos diariamente. Minha tentativa é virar a nossa cabeça para um outro lado ou virar nossos olhos para dentro de nós e de quem se parece conosco”, completa.

A vice-coordenadora homenageou, primeiramente, mulheres que sempre mantêm a cabeça erguida e os olhos atentos. Em seguida, saudou crianças, que por meio das músicas, aumentaram sua autoconfiança e orgulho, além de ajudar os pais, que estavam presos em uma realidade de medo pelo sofrimentos racistas que as(os) filhas(os) poderiam enfrentar ao longo de suas vidas. Por fim, ela celebrou personalidades importantes, como a escritora e doutora Honoris Causa, Maria Carolina de Jesus, um exemplo de mulher e mãe forte, sensível, valente e emocionante, que enfrentou duras realidades, mas que nunca parou. Também mencionou o artista e rapper Emicida que, com seu último trabalho, ocupou o Teatro Municipal de São Paulo, com artistas negros e LGBTQI+ e contou a história da música negra.

Confira o evento na íntegra:

 



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