Crise hídrica: o que a psicologia tem a ver com isso foi tema de debate

Fazer a escuta, cuidar e acolher as pessoas em estado de vulnerabilidade em função da crise hídrica, promovendo a mobilização social. Essas são as principais funções dos psicólogos apontadas durante o debate realizado na noite desta quarta-feira (29/4), pelo Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais, em sua sede. Foi a terceira edição do ciclo de eventos “Psicologia em Foco” realizada em Belo Horizonte. Conduziram as exposições e debates Angela Coêlho, pós-doutora em Psicologia Social pela University of Manitoba (Canadá), coordenadora do curso de Psicologia do Centro Universitário de João Pessoa (Unipê), em João Pessoa (PB); Maria Teresa Corujo, educadora Ambiental e artesã em Caeté, militante do Movimento pela Preservação da Serra da Gandarela; e a integrante do Grupo de Trabalho de Psicologia nas Emergências e Desastres do CRP-MG, Junia Lara. Clique aqui para ver as fotos do evento.

Ao abrir o evento, Junia convidou os presentes a refletir sobre a responsabilidade do psicólogo em pensar as políticas públicas preventivas. “Temos que trabalhar urgentemente para que a situação não se torne um desastre, alertou, ela, antes de passar a palavra às palestrantes.

Angela Coelho fez a primeira exposição argumentando que toda crise indica que algo que deveria ter sido feito não foi. “As pessoas imaginam desastre pelo que assistem na TV e sempre partem da premissa que nada vai acontecer, que não irá faltar água. Têm a visão de seca como a que ocorre no Nordeste do país”, disse. Por essa razão, segundo ela, a psicologia precisa trabalhar nas metodologias participativas, discutindo problemas e situações com a comunidade “mas sempre mostrando para os moradores que eles conhecem melhor a realidade local e que, portanto, poderão contribuir com mais sucesso”. Para Angela, o profissional deve buscar todos os caminhos para chegar até os cidadãos, seja nas escolas, associações de bairro.

Prevenir é cuidar – Ela encerrou sua participação nos debates alertando os presentes para o real papel do psicólogo nas emergências e desastres: a gente vai para escutar as pessoas e acolhê-las. Não importa o tipo de atendimento. Trabalhamos com prevenção e prevenção é cuidar. E após o desastre nossa atuação é no sentido de não deixar que a população sofra agravos, garantindo um ambiente protegido para vivenciar a espera de forma digna e respeitosa. Tudo funciona com acolhimento.

Maria Teresa Corujo falou em seguida apresentando sua experiência na defesa da população que vive na Serra da Gandarela, localizada nos municípios mineiros de Barão de Cocais, Caeté, Santa Bárbara, Rio Acima, Raposos e Itabirito. Mostrou a situação emergencial criada pela forte exploração das mineradoras que vêm, ao longo dos anos, “destruindo os recursos naturais e expulsando os moradores com a conivência dos governos”. O depoimento da educadora confirmou a argumentação de Angela Coelho, sobre a mobilização social com a efetiva participação do psicólogo “Essa situação tem gerado um grande adoecimento emocional. “As pessoas estão em situação de vulnerabilidade diretamente ligada à insustentabilidade da vida. O trabalho dos psicólogos é fundamental para fortalecer esses seres humanos que não estão dando conta de lidar com esse universo tão grave”, pontuou, Maria Teresa.

Ao encerrar o evento, a conselheira diretora do CRP-MG, Elaine Zanola, e Junia Lara agradeceram a participação do público enfatizando o compromisso da plenária de cuidar da profissão. “Esses encontros semanais, essas discussões nos fazem refletir e funcionar como uma rede de multiplicadores”, encerrou a integrante do GT de Psicologia nas Emergências e Desastres do CRP-MG.



– CRP PELO INTERIOR –