CRP-MG manifesta repúdio à violência de Estado

CRP-MG manifesta repúdio à violência de Estado

O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) manifesta repúdio ao fato ocorrido no dia 29 de abril de 2017, em que a conselheira do XV Plenário do CRP-MG, Odila Braga, foi conduzida pela polícia militar de Uberaba a uma delegacia da cidade, ao ser detida durante uma manifestação contra a presença de Michel Temer, prevista para a inauguração da feira de gado da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu) e contra as reformas propostas por seu governo. Odila Braga foi conduzida devido a seu protesto contra ações da polícia militar que atingiam outro manifestante. Infelizmente, esse não é um ato isolado em nossa ainda frágil democracia.

Assistimos recentemente à prisão do blogueiro Eduardo Guimarães, à morte de um aluno durante uma ocupação de escola, ao episódio com o manifestante em Goiânia, que teve a cabeça atingida pelo cassetete de um policial, a inúmeras conduções coercitivas, a conflitos entre policiais e índios, com mortes e atos cruéis, numa escalada de violência alimentada pelo Estado. Assim, se produzem claras violações de direitos garantidos em nossa Constituição, como o direito à terra, o direito à liberdade de expressão e de manifestação pública, com cerceamento ao exercício da cidadania, o direito de opinião, os direitos dos negros, quilombolas, das populações moradoras das favelas e dos bairros populares.

Essa situação, própria dos estados de exceção, onde a organização social não é vista como legítima e nem adequada à manutenção do poder instituído, promove a ideologia do medo e do ódio tão recorrente nos discursos que vêm ganhando adesão no senso comum. Os desdobramentos deste cenário não são seletivos, alcançando a sociedade como um todo, como pudemos observar no movimento dos policiais militares no Espírito Santo, ou seja, a polícia, que na maioria das vezes é colocada como a instituição que cumpre o papel de repressão do Estado, também acaba por sofrer, neste estado de exceção, os efeitos dessa repressão.

Registramos nosso repúdio a esse fato ocorrido com a conselheira deste plenário e o problematizamos, por entender que o momento exige, de forma imperativa, que a sociedade discuta de maneira transparente e abrangente, a desconstrução dos direitos a que assistimos e a decorrente avalanche de agressões à cidadania e à mobilização coletiva dos diversos grupos sociais, especialmente daqueles mais vulneráveis. A tentativa de desqualificação dos direitos humanos enquanto conquista social da humanidade que vemos alguns defenderem, é uma demonstração de uma visão ideológica, sustentada e expandida pelos veículos da grande mídia, com a qual não podemos comungar.

Belo Horizonte, 17 de maio de 2017
XV Plenário do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais

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