07 nov CRP-MG reafirma seu compromisso com a despatologização das identidades LGBTQIA+ em evento nacional
Celebração e vigilância foram os destaques do seminário promovido pelo CFP, em comemoração aos 25 anos da Resolução 01/99
“Participamos deste evento com o intuito de reafirmar nossa existência e nossa resistência dentro da Psicologia”. Com essas palavras, Liliane Martins, conselheira vice-presidenta do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), sublinhou o compromisso de manter a orientação à categoria no sentido de despatologizar as identidades identidades LGBTQIA+ para a autarquia, que se fez presente como maior delegação no seminário “Resolução 01/1999 – 25 anos despatologizando a vida, no Brasil e no mundo”. O encontro foi realizado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), nos dias 30 de outubro e 1 de novembro, em Brasília.
Por meio do seminário o CFP reafirmou que a Resolução CFP nº 01/1999 representa um marco para a Psicologia brasileira por estabelecer o posicionamento dessa ciência e profissão. Para tanto, contou com a participação de representantes de diversos CRPs, psicólogas(os) e estudantes de graduação da área de todo o país, conselhos de outras profissões, parlamentares e convidadas(os) internacionais.
“Foi um momento histórico para a Psicologia brasileira. Um evento muito potente, muito emocionante, sobretudo por ter sido encerrado com a entrega do prêmio João W. Nery. Nossa ciência e profissão têm sido referência em nível internacional também na luta contra as ditas terapias de conversão sexual ou de reversão sexual”, celebrou João Henrique Borges, conselheiro do CRP-MG também presente no seminário. Ele recordou que a Resolução CFP nº 01/1999 foi atacada desde a sua elaboração, com momentos de judicialização, com tentativas de cassação: “conseguimos sustentá-la para deixar explícito que é uma demarcação política de como nós, profissionais da Psicologia, conseguimos exercer uma prática clínica alinhada com os Direitos Humanos e com a defesa intransigente da população LBGTQIA+”.
Lorena Rodrigues, conselheira referência da Comissão de Orientação em Psicologia, Gênero e Diversidade Sexual do CRP-MG, fez parte da delegação mineira no seminário e destacou que a Resolução CFP nº 01/1999 abriu portas para elaboração de outras normativas, como as que se referem às identidades das pessoas bissexuais e não monossexuais, das pessoas trans e também intersexo. “Nós avançamos e produzimos mais orientações para a categoria com grande protagonismo de Minas Gerais nas construções. Inclusive a nota técnica requerida pela psicóloga mineira Dalcira Ferrão, que estabelece diretrizes fortalecendo a própria 01/99. Este protagonismo se reafirma ainda com a existência do GT sobre Infâncias trans, infâncias diversas do CRP-MG , tema que também foi pauta de debate no seminário”. A conselheira focalizou ainda a importância de reconhecer a interseccionalidade: “quem esteve e está nessa luta têm cor, raça, gênero, podem ser pessoas com deficiência ou neurodivergências, todas dentro da composição da sigla LGBTQIA+. Além de despatologizar é preciso explicitar que essas pessoas estabelecem vivências com os impactos de todos estes marcadores que compõe suas identidades, o que foi reforçado nas palavras de Heliana Hemetério, Jaqueline Gomes de Jesus, psicólogas negras que compõe a população LGBTQIA+ e fizeram falas no seminário, e nas contribuições de demais convidades. Por fim, é importante destacar que todo esse movimento que se faz historicamente e coletivamente contribui para despatologização das diversas identidades LGBTQIA+”.
“Estou no sétimo período da faculdade e desconhecia o contexto que a 01/99 tinha sido riada e até mesmo os ataques que sofreu. Aliás, sempre achei estranho a necessidade de ter uma normativa para orientar o óbvio. É muito fácil ver o óbvio depois de anos de luta e defesa que me antecederam. Então, ouvir quem esteve na criação e nas constantes defesa dessa resolução me fez ser preenchida de orgulho dos meus predecessores”, disse Fernanda Miguel de Oliveira, graduanda de Psicologia na Faculdade Metodista Granbery, em Juiz de Fora, que fez parte da delegação do CRP-MG no seminário. A estudante reconheceu que se tornar psicóloga é algo complexo e contínuo, além de, segundo ela, “ser um ato político que requer vigilância e defesa do que a sociedade nos convoca a participar”.
A delegação do CRP-MG foi composta ainda pelo coordenadores da Comissão de Orientação em Psicologia, Gênero e Diversidade Sexual da sede: Lucas Eduardo, e Liz Costa, coordenador da comissão da região Centro-Oeste, Grabriel Henrique Duarte, a estudante que compõe a comissão na região Sudeste de Minas Fernanda Miguel.