03 dez CRP-MG reforça atuação anticapacitista no Dia Internacional da Pessoa com Deficiência
Autarquia destaca as interseccionalidades do capacitismo e convida categoria a fortalecer práticas inclusivas na Psicologia
No Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, celebrado em 3 de dezembro, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) reafirma seu compromisso com a promoção dos direitos das pessoas com deficiência, em especial das mulheres, que enfrentam múltiplas formas de opressão. Para marcar a data, a autarquia divulga um vídeo com a conselheira Nayara Teixeira, que aborda os atravessamentos entre gênero, capacitismo e desigualdades sociais na vida dessas mulheres.
Interseccionalidade e violências
No vídeo da Conselheira, disponível no Instagram do Conselho, Nayara destaca que mulheres com deficiência são expostas ao cruzamento de múltiplas opressões. “Nós estamos mais suscetíveis à violência física, psicológica, sexual e institucional. E eu me incluo nisso: sou uma mulher com deficiência que já viveu todos esses abusos”, afirma Nayara.
A conselheira explica que o machismo, somado ao capacitismo, sustenta visões sociais que associam mulheres com deficiência à fragilidade, à incapacidade e à falta de autonomia emocional ou decisória. “Essa visão abre espaço para ações preconceituosas e para o apagamento da nossa sexualidade”, pontua.
Os impactos também se estendem ao mercado de trabalho. Segundo Nayara, estereótipos de que mulheres com deficiência “não dão conta” do serviço e só cabem em funções subalternizadas restringem oportunidades e ampliam desigualdades. “Isso limita salários, crescimento profissional e dificulta denúncias quando há outras vulnerabilidades sociais envolvidas”, completa.
Desigualdades estruturais ampliam vulnerabilidades
A reflexão da conselheira dialoga com dados divulgados pelo IBGE, que mostram a persistência de desigualdades estruturais. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD): Pessoas com Deficiência 2022 aponta que o Brasil tem 18,6 milhões de pessoas com deficiência, sendo a maioria mulheres. A taxa de participação dessas pessoas no mercado de trabalho foi de 29,2%, frente a 66,4% da população sem deficiência.
Ainda segundo o levantamento, 31% das mulheres com deficiência ocupadas estão na informalidade. Entre as trabalhadoras com deficiência, 18,8% exercem atividades do serviço doméstico, proporção superior à das mulheres sem deficiência. A renda média também é menor: R$ 1.639, frente a R$ 2.619 recebido por pessoas sem deficiência.
Marco legal e orientações para a Psicologia
A prática profissional na área é orientada pela Lei Brasileira de Inclusão, de 2015, que adota o modelo social da deficiência e reafirma o direito à acessibilidade, ao trabalho, à saúde e à vida independente. O Código de Ética Profissional da(o) Psicóloga(o) também estabelece que psicólogas(os) devem combater desigualdades estruturais e promover condições de autonomia.
Nesse sentido, a Conselheira Nayara Teixeira reforça que o Conselho tem papel central na proteção e no fortalecimento das profissionais com deficiência. “O CRP não só orienta e fiscaliza práticas mais inclusivas, como também precisa fortalecer as profissionais mulheres com deficiência dentro da própria categoria”, afirma.
Recomendações às(aos) profissionais
O CRP-MG orienta psicólogas(os) a consultarem o Manual Orientativo para uma Atuação Anticapacitista na Psicologia, publicado pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) em 2025. O documento reúne diretrizes para uma prática comprometida com a eliminação de barreiras arquitetônicas, comunicacionais e atitudinais, destacando:
- atuação baseada na escuta qualificada e no acolhimento ético;
- comunicação acessível (Libras, recursos táteis e digitais);
- reconhecimento das especificidades da experiência de pessoas com deficiência;
- enfrentamento ao capacitismo institucional;
- promoção da autonomia e da dignidade no cuidado psicológico.






