05 mar Desafios enfrentados por mulheres lésbicas, bissexuais e transexuais são abordados no Psicologia em Foco
O ciclo de eventos Psicologia em Foco foi retomado na sede do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais, em Belo Horizonte, nesta quarta-feira, 4/3. A primeira edição de 2020 acontece no mês de março, mês das mulheres, e teve como tema: “Mulheres lésbicas, bissexuais e transexuais”.
A mesa contou com as contribuições da mulher trans, negra, feminista, militante dos direitos humanos e ativista LGBT com ênfase na pauta de travestis e transexuais, Gisella Teixeira; e da psicóloga e integrante da Comissão de Psicologia, Gênero e Diversidade Sexual do CRP-MG, Tatiana Santiago. A mediação foi realizada pela psicóloga clínica, especialista em terapia de casal e família e integrante da Comissão de Psicologia, Gênero e Diversidade Sexual do CRP-MG, Renata Sales.
Assista o registro da mesa, na íntegra, em vídeo.
Orientação sexual – A psicóloga Tatiana Santiago frisou que a orientação do desejo é autodeclaratória, ou seja, é a própria pessoa que diz qual é a sua orientação e não o outro. Da mesma forma, o processo de aceitação, de declaração dessa orientação para família, amigos, é também individual. “É uma violência arrancar a pessoa do armário”, afirmou.
Tatiana chamou atenção para o fato de que bissexuais passam por situações de invisibilidade no próprio movimento LGBTI. Segundo ela, é comum que pessoas bissexuais sejam consideradas indecisas e promíscuas. “No caso das mulheres bissexuais há ainda o fetiche: é frequente que a mulher bissexual comece a se relacionar com um homem e logo ele faça um convite para sexo em grupo”, relatou.
“Acredito numa Psicologia laica, que defenda os direitos humanos e a emancipação das pessoas. Às vezes, há profissionais que encaram a sexualidade do cliente como algo que contribui para seus problemas. A bissexualidade não é um problema, o problema é a bifobia”, destacou.
Confira a cobertura fotográfica do evento.
Mulheres transexuais – A mulher trans e ativista LGBT, Gisella Lima, iniciou sua participação perguntando se além dela, havia outra travesti ou transexual no auditório. Havia uma mulher trans, num público total de 70 pessoas. “Faço essa pergunta porque ela ajuda a mostrar como a sociedade é transfóbica. Os espaços que não acessamos são resultado da transfobia institucionalizada. Não é algo específico do CRP, é histórico”, afirmou.
Segundo Gisella, os fatores que ajudam a explicar a ausência de pessoas transexuais de espaços públicos e de decisão são múltiplos, mas chamou atenção para o campo da educação: “o lugar em que enfrentei maior violência foi a escola, então saí de lá cedo. A evasão escolar explica muito o fato de não estarmos em alguns espaços”.
A militante realçou também a importância de se discutir a transexualidade associada ao Dia Internacional da Mulher. “Isso confronta valores, porque as mulheres trans são banidas de alguns lugares, há grupos dentro do feminismo que não acolhem as mulheres trans”, apontou.
Próxima edição – O Psicologia em Foco da quarta-feira, 11/3, dará prosseguimento à abordagem de assuntos relacionados às mulheres. O tema será: “Saúde Mental da mulher preta: leitura de raça e violências dentro do consultório”.