Empatia e atenção são essenciais neste momento da pandemia garante psicólogas(os)

Sociedade pós-covid ou sociedade convivendo com a covid? Live propõe a reflexão

Na live “Sociedade pós-covid e os impactos na saúde mental”, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) contou com as psicólogas Laila Parreiras e Lara Coelho e com o psicólogo Bernardo Dolabella para instigar as(os) participantes a pensar sobre em qual momento cada indivíduo está vivenciando a pandemia e como tem sido em nível coletivo. O evento aconteceu nesta terça-feira, 30, e integrou a série “Saúde Mental de Janeiro a Janeiro”.

Psicanalista, especialista em Clínica Psicanalítica, mestre em Psicologia e atuando em consultório particular, Laila Parreiras iniciou a fase de exposições provocando o público: “fiquei pensando o que seria uma sociedade pós-covid. Será que podemos dizer que já estamos no pós-covid?”. Segundo ela, o momento no Brasil inspira uma certa estabilidade pandêmica que tem motivado as flexibilizações, “mas fico pensando no que isso implica para o sujeito”. Ela chamou a atenção para os sintomas que caracterizou como de outra ordem na pandemia: “estamos vendo pessoas paranoicas, mais paranoicas; pessoas fóbicas, com elemento fóbico maior; pessoas persecutórias com elemento muito consistente de perseguição. Pessoas com crises de angústia e agora, diante da possibilidade de flexibilização, fico me perguntando se os sintomas do sujeito se flexibilizarão da mesma maneira que a máscara se flexibiliza”. E completou “tem alguma coisa do sofrimento que precisaremos tratar, acompanhar o sujeito pois são muitos impactos psíquicos”.

Lara Coelho, membro do Núcleo de Saúde Mental e Atenção Psicossocial em Desastres e Pandemias da Fundação Oswaldo Cruz, onde também é colaboradora no Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde, se apresentou em seguida também na mesma ideia de instigar o público: “o que é esse pós-covid? Do que estamos falando?”. Para ela, importa agora ponderar a questão do tempo, que não é igual para cada pessoa. “O pós-covid será diferente para cada uma de nós e não terá uma data que deixe de ser pandemia. Além disso, cada indivíduo ou coletivo vai ter o seu tempo e esse tempo vai acontecendo de forma distinta e simultaneamente”. Sobre sintomas, a psicóloga ressaltou que existem aqueles que podem ser considerados normais em tempos pandêmicos, no entanto, é necessário que as(os) psicólogas(os) tenham atenção para a possível cronificação. “Temos também que pensar nossas ações no agora e como elas podem contribuir no cuidado em saúde mental, no que é esse pós-covid, no quanto é importante o investimento em saúde pública que visa saúde mental. Precisamos entender que o impacto da saúde mental na sociedade envolve todos nós”.

Na responsabilidade de mediar a live, Bernardo Dolabella, mestre em Psicologia, especialista em Saúde Mental, pesquisador do CEPEDES/ Fiocruz, do Núcleo Saúde Mental e Atenção Psicossocial em Desastres e Pandemias e do Observatório Mineração, Desastres & Saúde/Fiocruz, integrante da Comissão de Orientação de Psicologia de Emergências e Desastres do CRP-MG, reconheceu como ponto focal do evento a reflexão sobre a sociedade estar vivendo uma pós-covid se, na verdade a pandemia não terminou. “Vejo como uma grande discussão da saúde global que a pandemia não é a mesma para todas as pessoas e por isso não pode lidada de uma só maneira. Importante pensar nisso porque um dos grandes pontos que isso traz na visão de subjetividade desses tempos é a empatia. Temos vários artigos falando de como a pandemia não vai ser vencida individualmente. A partir do momento que conseguirmos entender e enxergar o outro e entender que ele tem suas particularidades que são diferentes da minha dá uma abertura maior para construir o coletivo”, encerrou.

Confira a seguir algumas referências sobre o assunto citadas pelas convidadas:

Recomendações e orientações em saúde mental e atenção psicossocial na Covid-19

Covid-19 infodemitc and public trust from the perspective of public and global mental health

Seminário Esperançar na Pandemia: Diálogos atuais sobre SMAPS na Covid-19 (parte 1)

Seminário Esperançar na Pandemia: Diálogos atuais sobre SMAPS na Covid-19 (parte 2)

Sobre a série “Saúde Mental de Janeiro a Janeiro” – Composta por um conjunto de lives que ocorrem o ano todo porque a atenção em saúde mental precisa ser permanente, em todos os níveis de cuidado, com foco não apenas no indivíduo e suas subjetividades, mas em todas as coletividades, de maneira a fazer o enfrentamento de todas as situações que impactam severamente a vida da população. E como o foco tem que acontecer de forma transversal e diversa, a cada edição propõe abordagens que dizem do cotidiano das pessoas, no que mais impacta naquele momento.

Assista a live aqui:



– CRP PELO INTERIOR –