Impactos éticos e políticos das urgências sociais são fio condutor da nova edição da Revista CRP Minas Gerais

Fome, manifestações de ódio e cuidados paliativos compõem a publicação que começa a ser distribuída para as(os) psicólogas(os) mineiras(os)
Capa da sexta edição da Revista CRP Minas

O que é urgente para você?

O cotidiano conturbado por compromissos consegue retirar as pessoas das reflexões mais simples. Mas quando se trata da falta de acesso ao básico para viver, alimentação e água potável, nada pode ser mais relevante.

O Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (I Vigisan) mostrou que em 2020 a fome havia retornado aos patamares de 2004. E a situação tem se agravado de forma alarmante. A segunda edição do Inquérito revelou que, entre novembro de 2021 e abril de 2022, o número de domicílios com moradores passando fome saltou de 9% (19,1 milhões de pessoas) para 15,5% (33,1 milhões de pessoas). Um aumento de 14 milhões de pessoas vivendo com fome em pouco mais de um ano. “Mesmo o Auxílio Brasil, vigente no período do Inquérito, não mitigou a grave situação social do povo brasileiro, uma vez que a fome ainda estava presente em 21,5% dos domicílios das famílias que solicitaram e conseguiram receber o benefício deste programa social”, afirma o estudo. Quando se considera a insegurança alimentar em seus três níveis – leve, moderada e grave -, o levantamento mostra que atualmente mais da metade da população brasileira (58,7%) não tem certeza se terá o que comer no futuro próximo.

Como um fenômeno de tamanha gravidade e proporção tem se refletido no exercício da Psicologia em Minas Gerais? Essa é a pergunta que orienta a reportagem de capa da nova edição da Revista CRP Minas Gerais, que começa a chegar nos endereços das(os) psicólogas(os) mineiras(os) e também está disponível on-line.

A publicação analisa os alicerces da desigualdade social que fomentam a retirada de direitos também na seção Entrevista.

Assim, a relevância destes temas propõe reconstrução e a categoria Psi tem sido parte disso. O fato é que não há espaço para mais retrocessos e somente com muita coragem será possível extirpar estes problemas graves. Lado a lado com a sociedade e com outros campos do saber, a prática Psi deve assegurar que as soluções para o enfrentamento ao ódio, à manipulação dos sujeitos, à fome e outras formas de violência ocorram pela via coletiva.

Quando esta edição começou a ser pensada, no momento de elencar as temáticas urgentes da sociedade, o sentimento evidenciado foi coragem. Refletir criticamente e agir eticamente sobre os fenômenos atuais que implicam o sujeito no laço social, a partir da possibilidade de escrever uma nova página, exigem da Psicologia ainda mais ousadia.

O sentimento segue percorrendo página a página da Revista até chegar à sensível matéria sobre os cuidados paliativos, que acontecem a partir do trabalho afinado de equipes multidisciplinares, em que se encontra a Psicologia enquanto ciência e profissão. O ponto de partida foi dar uma resposta à categoria, que há muito requer que o Conselho discuta o assunto. No entanto, durante a elaboração do conteúdo, ficou evidente a urgência de falar sobre, com a gravidade necessária, porém com a máxima sensibilidade. Afinal, é estar frente a frente com a ideia de finitude da vida. Florescer todos os dias entendendo que a doença faz parte da existência e que é possível trocar o conceito de “desenganada(o)” ou de “cura” por “estar viva(o); valorizar, melhorar a qualidade de vida de todas as pessoas envolvidas de forma respeitosa, acolhedora e na perspectiva da saúde integral. Essas são as fontes inspiradoras da metodologia dos cuidados paliativos, que se faz a partir de muitas contribuições da Psicologia, como a reportagem evidencia.

Conteúdos técnicos e científicos trazidos nas colunas e artigos completam o número 6, demonstrando que o Conselho enxerga a contemporaneidade do fazer Psi com zelo, respeito, atenção e vanguardismo.

disponível on-line.

 



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