Lançamento de publicações e debate sobre IA mobilizam público em Belo Horizonte

Materiais já estão disponíveis no Acervo Digital do CRP-MG

No dia 18 de setembro, psicólogas(os), estudantes e profissionais de outras áreas participaram do lançamento de publicações produzidas pelo Conselho Regional de Psicologia de Minas Gerais (CRP-MG). O encontro lotou o Auditório Rosimeire Aparecida da Silva, na sede do Conselho, em Belo Horizonte, e contou também com um bate-papo sobre IA e Psicologia: novas fronteiras para educar, cuidar e transformar.

Na mesa de abertura, a bibliotecária Niúra Ferreira, representante do comitê editorial do CRP-MG, apresentou um panorama do trabalho realizado pelo grupo e explicou como são produzidas as publicações do Conselho. “O comitê editorial foi criado em 2022. Com os lançamentos de hoje, chegamos a 20 novas publicações, 5 reimpressões de referências técnicas, além de reimpressões livros do Conselho Federal de Psicologia e de publicações anteriores do CRP-MG.”, detalhou.

Ela ressaltou que a iniciativa busca profissionalizar e organizar as publicações, garantindo qualidade e continuidade às obras que orientam a categoria. “O comitê trabalha em conjunto para selecionar os livros recebidos pelo edital, que depois passam pela plenária do Conselho para aprovação”, explicou Niúra.

A bibliotecária também reforçou o caráter educativo dos materiais e incentivou o público a acessá-los: “todas as publicações têm a finalidade de orientar a categoria. São recursos muito ricos, de várias áreas da Psicologia, e estão disponíveis no Acervo Digital do Conselho ou para empréstimo na biblioteca. Temos cerca de 100 títulos recentes, abrangendo produções de 2023 e 2024, que podem ser explorados por todas e todos”.

Em seguida, o conselheiro presidente do XVII Plenário do CRP-MG, Ted Evangelista, destacou a relevância da Psicologia como ciência, profissão e compromisso coletivo. Ele valorizou o trabalho das equipes e a pluralidade de experiências presentes no Conselho. “É fantástico ver esse auditório lotado. Muito obrigado por vocês investirem tempo, curiosidade e parceria, porque é disso que estamos falando nesta noite”, afirmou, lembrando que cada esforço do Conselho tem impacto direto na sociedade.

“Fica meu agradecimento a todas as trabalhadoras e trabalhadores do CRP. Hoje estamos reunidos para valorizar a diversidade, as diferenças e a inclusão. É assim que penso: a Psicologia se sustenta na coletividade e no compromisso ético de todos nós”, concluiu.

Publicações

Os lançamentos contemplam diferentes áreas da Psicologia e foram disponibilizadas tanto em formato impresso (com exemplares distribuídos durante o evento) quanto no Acervo Digital do CRP-MG. Entre os temas abordados, estão educação, saúde da(o) trabalhadora(or), esporte e direitos humanos. Confira os títulos lançados:

Burnout, precariedade e desemprego: impactos psicossociais na saúde mental das(os) trabalhadoras(es)
Mercadoria: o corpo do louco morto
Psicologia Escolar e Educacional e a Lei 13.935/2019: compromisso com a educação democrática (Volumes 1, 2, 3 e 4)
Cartilha Psicologia de Emergências e Desastres
Psicologia do Esporte: da formação à profissionalização qualificada (III EMPE)

Reflexões sobre IA e Psicologia

O bate-papo que marcou a noite contou com a participação da psicóloga Tatiana Di Lucia, especialista em inovação tecnológica e então integrante do Grupo de Trabalho sobre Inteligência Artificial e Psicologia do CRP-MG. A mediação foi realizada pelo conselheiro do XVII Plenário, Márcio Rocha Damasceno.

Em sua fala, Márcio Damasceno destacou que a sociedade atravessa um momento de evolução tecnológica em que a inteligência artificial, antes vista como algo futurista, já está integrada ao cotidiano. Ele, porém, alertou que a IA não pode substituir o pensamento humano. “IA não é a mesma coisa que a inteligência humana. Ela não tem compreensão, não tem consciência, não tem julgamento ético”, afirmou.

Para o psicólogo, embora os sistemas possam apoiar tarefas administrativas e até análises mais complexas, seu uso exige supervisão crítica. “O grande risco é a substituição dos vínculos humanos por interações automatizadas. Onde fica o cuidado genuíno? Onde fica a escuta que acolhe, a empatia que conecta, a sensibilidade que percebe o que não está nos dados?”, questionou.

Em seguida, a psicóloga Tatiana Di Lucia compartilhou reflexões a partir de sua experiência prática e de estudos recentes, ressaltando tanto o encanto quanto os riscos das automações. Ela citou exemplos da mídia que evidenciam limites da IA em contextos clínicos: “houve uma paciente que descrevia sintomas de infarto e a inteligência artificial respondeu como se estivesse lidando com uma questão de ansiedade”.

Tatiana também chamou atenção para a dimensão do fenômeno da IA no Brasil, com números que, segundo ela, reforçam a necessidade de debate ético e supervisão profissional. “Mais de 12 milhões de brasileiros já recorreram à inteligência artificial por questões de saúde mental, 12 milhões, não é uma coisa pequena”, observou. Para ela, é essencial equilibrar inovação tecnológica e cuidado humano, garantindo que a IA complemente, mas nunca substitua a atuação profissional.

Mesa de autógrafos

Após as reflexões, o público foi convidado para uma sessão de autógrafos com as(os) organizadoras(es) das publicações. Foram distribuídos gratuitamente exemplares da Cartilha Psicologia de Emergências e Desastres e dos livros “Mercadoria: o corpo do louco morto” e “Psicologia do Esporte”.

Confira as fotos do evento de lançamento.

Acervo

Esses e outros materiais produzidos pelo Conselho podem ser acessados no Acervo Digital da autarquia: acervodigital.crp04.org.br

 



– CRP PELO INTERIOR –