Live do CRP-MG aborda a realidade dos manicômios, hospitais psiquiátricos e comunidades terapêuticas

Transmissão integra a série Saúde Mental de Janeiro a Janeiro e já está disponível no Youtube

No mês em que se celebra o Dia Nacional da Luta Antimanicomial (18 de maio), o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) promoveu a live Manicômio não presta, de janeiro a janeiro. O diálogo foi transmitido na noite dessa terça-feira, 28 de maio, pelo canal do CRP-MG no Youtube.

Durante sua participação, a psicóloga e especialista em Atenção a Usuários de Drogas no SUS, Camila dos Santos, criticou a lógica manicomial. “A lógica manicomial é parte de um sistema genocida, que impõe de maneira determinante o controle e a morte de corpos, sobretudo de corpos negros e com endereço específico, CPF pré-determinado”, declarou.

A convidada também relatou suas experiências em visitas a presídios, manicômios e comunidades terapêuticas. “Antes de conhecer uma cadeia, eu já havia conhecido um manicômio, e posso afirmar que eles têm o mesmo odor, a mesma cara e os mesmos rostos. Posteriormente, eu entrei em comunidades terapêuticas e nenhuma surpresa. Encontrei jaulas, com o mesmo odor, com a mesma cara – talvez mais disfarçada, maquiada do lado de fora – e os mesmos rostos”, contou a psicóloga.

A militante da Luta Antimanicomial e conselheira estadual de Saúde de Minas Gerais, Leida Uematu, também compartilhou as experiências vivenciadas, incluindo conversas com internas(os) de uma comunidade terapêutica, durante vistoria. “Um falava assim: ‘olha, anota o telefone da minha mãe e liga para ela. Foi ela que me colocou aqui, mas ela foi enganada. Eu sei que se ela souber como é esse lugar, ela vai me tirar daqui’. Por isso a gente precisa politizar as pessoas, proporcionar esse tratamento em liberdade e defender o SUS, para que as pessoas tenham o direito de se conhecer e de se proteger”, argumenta.

O encontro foi mediado pelo coordenador da Comissão de Orientação em Psicologia, Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do CRP-MG, Pedro de Paula.

O psicólogo afirmou que as ideias que estão por trás da lógica manicomial no Brasil não são novas. “O manicômio enquanto ideologia chega no Brasil em 1500, em um ato de captura e colonização das subjetividades que estavam aqui no território Pindorama, que foram obrigadas a se converter a uma ‘verdade maior’ e a conceitos como pecado, salvação, nudez… princípios morais que não faziam parte do modo de estar e de existir nesse mundo e nesse território”, asseverou.

A live está disponível, na íntegra, no canal do CRP-MG no YouTube. Assista:

 



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