O direito de existir com segurança e qualidade de vida norteou o Cine Diversidade de agosto ao comemorar a Visibilidade Lésbica

Vivências destas mulheres mostram que a resistência é o ponto chave e que os movimentos sociais são espaços essenciais de acolhida

Visibilidade lésbica foi o tema desta edição do Cine Diversidade – realização do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), em parceria com o Cine Santa Tereza e a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). A sessão comentada de agosto contou com o apoio do Coletivo Rolezin das LBPT e da Quilomba Nzinga’S LésBiTrans Brasil e foram exibidos os curtas-metragens brasileiros “Aquela mulher”, dirigido por Cristina Lago e Marina Erlanger, e  “Ficção suburbana”, com direção de Rossandra Leone. Os dois filmes apresentam histórias de mulheres da periferia do Rio de Janeiro vivendo afetos e tensões ao se relacionar com o cotidiano. Acesse o álbum de fotos do evento.

Logo após a exibição dos filmes as convidadas Gabrielle Celestino – atua na promoção da visibilidade e dos direitos das mulheres LBPT e integrante do Coletivo Rolezin das LBPT -, Lucia Castro – produtora cultural e fundadora do Coletivo Aos Brados!! A Vivência Digna da Sexualidade e do jornal Aos Brados e integrante da Quilomba Nzinga’S LésBiTrans Brasil e a Frente Nacional de Lésbicas Desfem – e Rossandra Leone – roteirista e diretora de películas como a exibida na noite “Ficção Suburbana” – participaram dos diálogos com o público sob a mediação da conselheira do CRP-MG Lorena Rodrigues. 

“As vivências das mulheres lésbicas envolvem muito afeto e resistência. Cada trajetória apresentada nesta edição comprovou que a luta dos movimentos sociais é necessária para garantir espaços de trocas, de bons afetos e de razões para se orgulhar de existir. Cabe a nós, psicólogas, a responsabilidade histórica no combate ao machismo e à lesbofobia seguindo nosso compromisso ético com os Direitos Humanos. Nossa Resolução CFP nº 01/1999 é uma das ações para a garantia desse posicionamento, ao banir da Psicologia qualquer prática patologizante”, pontuou Lorena Rodrigues após a realização do Cine. Para a atuação Psi, a conselheira ressaltou a existência de outras duas leituras norteadoras as Referências Técnicas para atuação profissional em políticas públicas para a população LGBTQIA+ elab0radas pelo Centro de Referências Técnicas em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) e o Folder Mulheres Lésbicas, produzido pelo CRP-MG.

Confira a seguir pontos abordados pelas(os) convidadas(os) durante a sessão comentada:

 

“Existe eu antes e eu depois de conhecer o coletivo. Ali foi possível identificar bastante as nossas vivências, pude viver e me identificar. Me deu condições de ocupar espaços e principalmente ter vivências de uma mulher que não performa feminilidade. Pude ver que posso ser eu de verdade, posso viver da minha forma. É sobre poder existir. E hoje estar aqui nesta data, poder celebrar e falar publicamente é muito importante. É importante saber que a gente pode existir e ter visibilidade. Ter o apoio da família também faz toda a diferença, mas ainda temos o empecilho de demonstrar afeto, parece que estamos desrespeitando”.
Gabrielle Celestino, atua na promoção da visibilidade e dos direitos das mulheres LBPT e integra o Coletivo Rolezin das LBPT

 

 

 

 

 

“Muitas de nós entram e permanecem no mercado de trabalho enquanto são discretas. Vamos nos anulando. Se colocamos nossas vivências expostas a cena muda e daí o que nos cabe é empreender. Por isso mulheres lésbicas são empreendedoras; mas a gente mais empreende dor. Queremos é estar vivas, poder trabalhar, entrar no metrô que é reservado para mulheres e não ser barrada, entrar no banheiro e não ser perguntada se está na fila certa. Banheiro na minha vida traz inúmeros dororidades. Eu vejo um filme com essa potência de retratar histórias verdadeiras em que mulher namora, beija, se ama, tem prazeres”.
Lucia Castro, fundadora do Coletivo Aos Brados!! A Vivência Digna da Sexualidade e do jornal Aos Brados e integra a Quilomba Nzinga’S LésBiTrans Brasil e a Frente Nacional de Lésbicas Desfem.

 

 

 

“A partir do momento que começo a entender o poder que o cinema inicio a escrita sobre o protagonismo negro, feminino e de periferia, fortalecendo laços com meu território. Este é um filme que traz muito sobre mim, sobre o que me formou e o que me forma. É baseado na vida real, inclusive em um relacionamento que eu tive, no qual pela primeira vez pude ser a namorada e não a amiga. Tem tensões, mas tem todos os outros lados que tentam apagar de nós. Eu não sabia o que era sonhar pela minha realidade”.
Rossandra Leone, roteirista e diretora de “Ficção Suburbana”



– CRP PELO INTERIOR –