04 out Precarização de direitos trabalhistas e saúde do trabalhador foram debatidos em Seminário realizado pelo CRP-MG
No sábado, 29/9, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) realizou, em Belo Horizonte, o II Seminário Mineiro de Psicologia na Saúde. A terceira mesa do evento discutiu o tema “A precarização dos direitos trabalhistas e a saúde do trabalhador”. Contribuíram com as reflexões, a doutora em educação e mestre em Psicologia, Ana Rita Castro Trajano; a presidenta do Sindicato das(os) Psicólogas(os) de Minas Gerais e representante do CRP-MG no Conselho Estadual de Saúde de Minas Gerais (CES-MG), Lourdes Machado; e a doutora em Psicologia social, Maristela de Souza Pereira.
Para dar início, Lourdes Machado reiterou que não há como falar de saúde pública sem explicitar o contexto atual do Brasil, que é de desmonte estrutural do papel social do Estado. “Há um grau de retrocesso que vai aumentar as iniquidades no acesso aos serviços de saúde”, afirmou.
Segundo a psicóloga, os transtornos mentais e comportamentais são a terceira maior causa de incapacidade no trabalho, correspondendo a 9% das concessões de auxílio doença e aposentadorias por invalidez. Por isso, Lourdes defendeu que a Psicologia precisa reafirmar seu compromisso com a defesa da universalidade de políticas públicas como resultante de um processo democrático.
Em seguida, Maristela Pereira abordou a saúde dos professores que atuam no Ensino Superior. Ela ressaltou que nem sempre os docentes se veem como trabalhadores, mas são subordinados à mesma lógica produtiva que rege o mundo atual. Ela propôs reflexões sobre os laços estreitos existentes entre o trabalho docente e o modo de produção capitalista, caracterizado na atualidade em sua face neoliberal.
Nesse cenário, trabalhadoras e trabalhadores das diversas profissões enfrentam a “precariedade subjetiva”, que é caracterizada pelo sentimento de que não se está produzindo o suficiente, nem se atendendo ao que é esperado. Essa frustração acontece em um contexto em que as fronteiras entre os momentos de trabalho e não-trabalho são violadas e o tempo sempre é escasso diante de todas as demandas que devem ser atendidas. A apresentação utilizada por Maristela Pereira está disponível aqui.
Para dar continuidade, Ana Rita Trajano refletiu sobre as experiências da Psicologia junto ao Sistema Único de Saúde (SUS) e as ameaças atuais de desmonte pelas novas políticas neoliberais que vão de encontro aos princípios e diretrizes que fundaram o sistema, como universalidade, igualdade, integralidade e participação social. Segundo ela, deve-se pensar no lugar da Psicologia sobre o cuidado compartilhado do SUS, desde a atenção básica até a atenção psicossocial e de urgências/emergências.
A mesa foi coordenada por Marconi Fernandes, graduado em Psicologia, pós-graduado em análise institucional e mestre em Enfermagem.