Psicologia e as relações étnico-raciais: Conferência debateu Psicologia e racismo no Brasil

O primeiro dia do Seminário “Psicologia e as relações étnico-raciais” terminou com a conferência “A Psicologia e o racismo no Brasil”, proferida pela conselheira do Conselho Federal de Psicologia, Célia Zenaide da Silva.

Célia Silva realçou repercussões da história de escravidão do povo negro no Brasil. “Quando nossos ancestrais iam sair de África, tinham que dar voltas em torno de árvores do esquecimento. Isso é de uma simbologia, porque nem à memória nós tínhamos direito”, afirmou.

O tráfico em navios negreiros, as leis do Ventre Livre, dos Sexagenários e Áurea foram algumas das situações relembradas pela conselheira e que são fundamentais para se compreender a configuração racista da sociedade brasileira.

Para psicólogas e psicólogos, Célia Zenaide alertou: “Vamos para os nossos settings terapêuticos, seja onde for, e não chega para nós o óbvio. O mesmo vale para o racismo, nós   só precisamos estar atentos para ouvir”.

Referências para a Psicologia – A conselheira também recomendou que a categoria acesse a publicação “Relações raciais: referências técnicas para a prática da(o) psicóloga(o)”, elaborada pelo Centro de Referência Técnica e Psicologia e Políticas Públicas (Crepop), do Conselho Federal de Psicologia.

A presidenta do CRP-MG, Dalcira Ferrão, mediou a conferência e leu a nota “Convite a tirar o racismo do nosso vocabulário”, aprovada em maio pela Assembleia de Políticas, da Administração e das Finanças (APAF) do Sistema Conselhos de Psicologia.

Escravidão indígena – Na abertura da conferência, a psicóloga Célia Zenaide convidou a indígena, Avelin Kambiwa, e o quilombola, Antônio Bispo dos Santos, a tomarem assento a mesa. Ao final da conferência, Avelin pediu a palavra e relembrou as inúmeras violências vividas pelos indígenas.

“Ninguém sabe o que foi a escravização dos povos indígenas no país e o porquê ela nunca acabou, não houve Lei Áurea para gente não. Quando se fala na questão do território, uma terra que foi dada, de quem era essa terra?”, questionou.

“Nós estamos aqui resistindo. Só que eu peço também, enquanto movimento indígena, que eu falei antes sobre a irmandade que a gente precisa ter com o movimento negro, que parem de achar que a gente está disputando quem é que sofreu mais. Nós queremos que reconheçam também de onde nós viemos, que nós também sofremos, tomamos muita surra, também fugimos para o mato, ajudamos a formar quilombos, porque nós conhecíamos os caminhos para fugir”, destacou.



– CRP PELO INTERIOR –