26 jul Psicologia e relações étnico-raciais: Mesa debateu papel da Psicologia no enfrentamento aos racismos
O segundo dia do Seminário “Psicologia e as Relações Étnico-Raciais”, começou com a mesa “O papel da Psicologia no enfrentamento aos racismos”.
A assistente social e mestre em Psicologia Social, Suely Santos, trouxe alguns aspectos da sua dissertação de mestrado para a discussão. Ela mostrou perspectivas sobre o racismo, onde a inveja foi o principal ponto de análise. “Opressão racial, gera humilhação social. A inveja é a causa de todas as opressões – motivadora de todas as lutas por poder e dominação. Ela se manifesta na forma de uma postura crítica, extremo moralismo, sarcasmo, ou ainda, através de um prazer por notícias de vinganças, mortes cruéis, estupros e demais tipos de tortura. O ódio fomenta a inveja”, explicou. Suely Santos afirmou que existe dificuldade em abordar as dores causadas pelo racismo na Psicologia.
Doutora em Geografia, diretora do Sindicato de Professores de Minas Gerais e coordenadora Nacional de Formação Política do Movimento Negro Unificado, Ângela Gomes, apresentou questionamentos para as(os) psicólogas(os) presentes: “como tratar as vítimas do holocausto negro? E os filhos da guerra?”.
Ângela Gomes destacou que desde de 2002, a Resolução nº 018/2002 estabelece normas de atuação para as(os) psicólogas(os) em relação ao preconceito e à discriminação racial. “A Psicologia, assim como outras ciências, utilizou sua credibilidade em prol da disseminação de teorias que sustentam crenças nas diferenças sociais como hereditária, com base no fenótipo, na cor da pele e outros elementos estatura, formato de crânio”, disse. Ângela Gomes ainda alertou que “racismo e sexismo são estabelecidos por uma violência simbólica, que se torna física”.
A psicóloga, professora da Universidade Federal do Sul da Bahia e doutoranda em Psicologia Social, Paula Gonzaga, destacou a importância da Psicologia aprofundar o debate sobre o racismo. “Não é coincidência que essa gestão do CRP-MG tem como lema “Nós, humanas”. A noção de humano é uma abstração que nos ajuda a entender a relutância em admitir o racismo dentro da psicologia e porquê essa é uma demanda urgente para nós como ciência e profissão”, afirmou.
O texto que norteou a participação de Paula Gonzaga na mesa pode ser acessado na íntegra aqui.