Psicologia, política e formação mobilizaram público em evento no CRP-MG

Nesta quarta-feira, 21/8, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) realizou mais uma edição do ciclo de eventos Psicologia em Foco, sob o título “Psicologia, política e formação: tecendo diálogos”.

Para compor a mesa, participaram a psicóloga, mestranda em Psicologia, Camile da Veiga; o psicólogo, mestre e doutor em Psicologia Social, Marco Aurélio Prado; e como mediadora, a psicóloga e coordenadora da Comissão de Formação Profissional e colaboradora da Comissão de Psicologia Escolar e Educacional do CRP-MG, Evely Capdeville.

Veja as fotos do evento.

Neutralidade política e Psicologia – Para conceituar a palavra política dentro das abordagens do evento, Evely relembrou a etimologia do termo, que, segundo ela, denota a organização da sociedade para o exercício da cidadania e dos direitos da(o) cidadã(o) em todas as suas formas de participação no espaço público, como o uso da palavra, o diálogo, a persuasão em direção a determinadas ideias, as decisões coletivas e as deliberações.

A psicóloga também chamou atenção para os questionamentos fundantes da temática do debate: “algumas pessoas defendem que a Psicologia e a atuação profissional da psicóloga devem ser neutras, e mais, que a Psicologia não deve se misturar com a política. É possível que o exercício da Psicologia se misture com a política? Haveria uma dimensão política no exercício? E o que isso tem a ver com a formação? ”.

O Código de Ética Profissional e os direitos humanos – Camile da Veiga ressaltou que não é possível debater Psicologia e política sem pensar nas formas de atuação profissional e qual o papel das(os) psicólogas(os) enquanto seres políticos dentro dos espaços que ocupam. Para ela, algumas ações recentes do governo federal, como os cortes na educação e a exclusão da sociedade civil dos conselhos sobre drogas, exemplificam a necessidade de um pensamento crítico e político da Psicologia. “É inevitável que a nossa profissão seja afetada por escolhas governamentais que ferem os direitos humanos”, pontuou.

Ainda de acordo com a psicóloga, o Código de Ética da Psicologia traz diretrizes específicas sobre a proteção dos direitos humanos na profissão e que, por isso, é preciso que psicólogas(os) se organizem, enquanto categoria, para combater retrocessos e contribuírem com a formulação de políticas públicas que respeitem os princípios fundamentais que embasam a profissão.

“Não existe Psicologia sem política” – Marco Aurélio Prado falou em seguida numa perspectiva de aprofundar a relação humana com a política, e por consequência da própria Psicologia. “Minha fala é de quem está dentro da ciência psicológica e minha tese é que não existe Psicologia sem política”.

Segundo ele, os elementos políticos, dos grupos, nações e povos deram origem ao pensamento psicológico. “Não são questões da ordem da vontade de conhecer a cabeça, o coração ou alma de alguém. Isso nos permite dizer que seria impossível pensar os processos de subjetivação sem a existência do conflito”, ponderou.

O professor realçou que a existência humana está relacionada diretamente ao cuidado, à relação entre as pessoas e à interdependência. “Se estamos aqui discutindo política é porque é intrínseco para a existência da Psicologia”, finalizou Marco Aurélio Prado.

Assista ao registro do evento: 



– CRP PELO INTERIOR –