19 out CRP-MG divulga resultados de pesquisa sobre avaliação psicológica para cirurgia bariátrica

Estudo foi motivado pela necessidade de compreender melhor o cenário e pensar estratégias para orientação da categoria

O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) realizou, em 2022, uma pesquisa com psicólogas(os) do estado para compreender quais métodos utilizam durante o atendimento e a avaliação psicológica de pacientes interessadas(os) em passar por cirurgia bariátrica.

O levantamento foi realizado pelo Grupo de Trabalho de Cirurgia Bariátrica do Conselho. O GT foi criado por iniciativa da Comissão de Orientação em Avaliação Psicológica da sede e da subsede Sudeste. A análise dos dados foi realizada pelo Núcleo de Estudos em Avaliação Psicológica e Saúde da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG).

O relatório completo acaba de ser lançado e pode ser acessado na íntegra.

Levantamento de informações

A pesquisa foi realizada por meio do preenchimento de um formulário eletrônico elaborado pelo Grupo de Trabalho. Todas as(os) psicólogas(os) com registro ativo no Conselho à época da coleta de dados foram convidados a participar.

Foram consideradas válidas as respostas de 141 psicólogas(os). Desse universo, 31,1% atuam em Belo Horizonte. As(os) demais atuam em outras 63 cidades mineiras.

Confira alguns resultados:

– 77,3% das(os) profissionais possuem mais de 10 anos de graduação;
– 28,4% possuem até um ano de vivência na área, enquanto 22,7% possuem mais de 6 anos de prática com o procedimento;
– O atendimento é feito majoritariamente na rede particular. Apenas 12,1% realizam a avaliação em unidades de saúde da rede pública;
– 37,6% realizam, em média, de 4 a 6 sessões. 30,5% fazem mais de 10 sessões. 2,8% afirmaram realizar apenas uma sessão para o processo de avaliação.
– 85,8% efetuam algum procedimento adicional, além da avaliação psicológica, tais como: acompanhamento individual pré e pós cirúrgico, coordenação de reuniões e dinâmicas de grupo.

A conselheira coordenadora da Comissão de Orientação em Avaliação Psicológica, Elza Lobosque, realça que a pesquisa mostrou que a falta de regulamentação sobre o tema faz com que as(os) profissionais adotem técnicas diferentes, sem seguir um padrão.

“Mesmo com a grande demanda de avaliação psicológica para o contexto da cirurgia bariátrica, existe uma escassez de estudos e instrumentos que possuam evidência de validade para o referido contexto. Além das deficiências técnicas, existem muitos problemas éticos que envolvem o processo de avaliação psicológica e que podem impactar no adoecimento do paciente no pós-cirúrgico”, avalia a conselheira.

Segundo Elza Lobosque, o intuito de fazer a pesquisa foi justamente entender melhor a prática das(os) profissionais em Minas Gerais e pensar estratégias de aprimoramento neste campo. Por isso, o próximo passo será o compartilhamento dos resultados com a Comissão Consultiva de Avaliação Psicológica do Conselho Federal de Psicologia. A expectativa é de sejam elaboradas diretrizes que orientem a atuação psi em âmbito nacional.

Capacidade técnica

Um dos principais objetivos da pesquisa foi mapear se as(os) profissionais que realizam esse tipo de avaliação possuem alguma especialização relacionada à atividade. O resultado encontrado foi o seguinte: 111 disseram possuir algum tipo de especialização, 20 têm mestrado e 3 possuem doutorado. Algumas das especializações mencionadas são: cursos, palestras e seminários relativos à avaliação psicológica.

O conselheiro do CRP-MG e integrante do grupo que realizou o estudo, Délcio Guimarães, afirma que esse é um aspecto que merece atenção. “Capacitação constante é fundamental. Como não temos um currículo único na formação, temos que entender que a(o) profissional de Psicologia só deve prestar serviços para os quais tem capacidade técnica, teórica e prática, como prevê nosso Código de Ética. Se a(o) psicóloga(o) identifica que não possui esse conjunto de capacidades, a pós-graduação e a supervisão são fundamentais”, afirma.

Cirurgia bariátrica no Brasil

A obesidade é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma epidemia que atinge todo o mundo. Dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica mostram que, em 2022, foram realizadas 74.738 operações do tipo no país.

Para que as(os) pacientes possam se submeter a esse tipo de intervenção cirúrgica, é necessário atender a determinadas condições de saúde física e mental. Desde 2015, o Conselho Federal de Medicina determina, por meio da Resolução CFM N° 2131/2015, que as(os) interessadas(os) em realizar o procedimento passem por uma avaliação psicológica.

“A cirurgia bariátrica tem o objetivo de promover qualidade de vida, mas pesquisas revelam altas correlações no pós-operatório como suicídio, depressão, comportamento antissocial entre outros. Isso torna a discussão sobre o tema urgente. Dentre os exames obrigatórios está o atestado de saúde mental, que poderá ser emitido por psicólogos e psiquiatras”, contextualiza a conselheira Elza Lobosque.

Acesse o relatório completo da pesquisa realizada pelo CRP-MG.