Retrocessos e desmonte da seguridade social foram temas de encontro no CRP-MG

Reflexos aparecem no aumento das taxas de desemprego e de pessoas vivendo nas ruas

Nesta quarta-feira, 26/9, o Psicologia em Foco abordou o tema “Retrocessos no SUAS e no SUS: a Psicologia e o olhar da população em situação de rua”. O encontro aconteceu na sede do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), em Belo Horizonte, e contou com as contribuições da psicóloga pós-graduada em saúde mental e pesquisadora do Observatório Microvetorial de Políticas Públicas em Saúde e Educação em Saúde da UFMG, Cristiana de Souza; com o agente social do Projeto Empreendendo Vidas de Fomento a Trabalho e Geração de Renda para Pessoas em Situação de Rua em Belo Horizonte, Rafael da Silva; e a mediação da psicóloga e coordenadora da Comissão de Psicologia e Política de Assistência Social, Jéssica Isabel.

Assista o encontro na íntegra.

Rafael da Silva iniciou a conversa explicando que a assistência social é um direito do cidadão e um dever do Estado e que isso está descrito na Constituição de 1988 como um dos pilares da seguridade social brasileira junto à saúde e à previdência. Mas, segundo ele, a população de rua está aumentando em decorrência da taxa de desemprego no Brasil e isso é uma problemática em tempos de crise política e econômica.

Para o assistente social, os cortes das verbas no Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e no Sistema Único de Saúde (SUS) estão desconstruindo uma política de avanço que demorou muito para ser estruturada. Porém, ele acredita que a sociedade precisa lutar em conjunto para reverter essa situação e fazer desses sistemas uma realidade funcional e acessível.

Para dar continuidade, Cristiana de Souza ressaltou que é preciso ter muito zelo e cuidado para ouvir os sujeitos em situação de rua, porque todos têm histórias e contextos diferentes. “As políticas públicas tanto do SUS quanto do SUAS olham pelos cidadãos. Precisamos pensar em como criar redes de assistência a esses sujeitos”, completou.

De acordo com a psicóloga, os princípios do SUS são universalidade, equidade e igualdade e que, por isso, todos têm direito acessá-lo, mas muitos não conseguem. Ela explicou que uma pessoa que tem trajetória de vida nas ruas é estereotipada nos atendimentos e por consequência disso sofre preconceito. “Precisamos oferecer direitos e cidadania”, disse.

Em seguida, Jéssica Isabel afirmou que esse é um momento em que a Psicologia precisa conversar sobre o SUS e o SUAS para dar continuidade à luta e reinventar o que está sendo feito. “Temos que pensar no acesso, disponibilidade e se há disposição da sociedade para aceitar sujeitos em situação de rua”, finalizou.



– CRP PELO INTERIOR –