Revisitando a identidade profissional do psicólogo foi tema de debate no CRP-MG

“Revisitando a identidade profissional d@ psicólog@: um debate sobre o fazer e ética na Psicologia” foi o tema do Psicologia em Foco desta quarta-feira (5/8), em Belo Horizonte. O encontro integrou o ciclo de eventos semanais do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) que tem como objetivo propiciar o envolvimento destes profissionais nas discussões dos diversos temas, mostrando a grande abrangência da sua atuação na pauta diária da sociedade. Clique aqui para ver as fotos. 

Este Psicologia em Foco contou com as exposições das psicólogas Sandra Azeredo, doutora em História da Consciência, mestre em Psicologia, professora Titular do Departamento de Psicologia da UFMG; e Regina Helena de Freitas Campos, doutora em Educação pela Universidade de Stanford, EUA, professora titular de Psicologia da Educação na UFMG e presidente do Centro de Documentação e Pesquisa Helena Antipoff. Coordenou o debate Júnia Lara, psicóloga, mestre em Planejamento Estratégico pela Universidade Federal de Santa Catarina, doutoranda em Psicologia Social UK- Buenos Aires e integrante do Grupo de Trabalho de Psicologia nas Emergências e Desastres.

Diferença que se constitui em relação ao outro – Sandra Azeredo iniciou a fase de exposições dizendo “quando pensamos em ética pensamos em liberdade e é fundamental que se tenha liberdade para fazer o que você acha e acredita que seja importante de acordo com o posicionamento ético”.  Segundo ela a transformação do mundo tem a ver com a ética e esta, por sua vez, com o posicionamento político de transformação.

“Outra questão fundamental é a da diferença que nos constitui na relação com o outro. Sou muito crítica da psicologia, da teoria que às vezes é muito disciplinar e não se abre para outras disciplinas. Acho que sem isso não vamos conseguir enfrentar os problemas atuais. É a questão de sair da disciplina. Não podemos só olhar a identidade e deixar de prestar atenção na questão histórica que nos constituiu enquanto seres no Brasil, que foi um país colonizado. Fomos os últimos a abolir a escravidão e isso nos traz consequências. Até hoje a casa grande e senzala estão na nossa mente. Sou feminista em todos os graus e isso não é mais lutar para ter os direitos dos homens. Hoje a nossa luta é contra a diferença, a pobreza e o racismo”, defendeu Sandra.

Ao encerrar, ela contou sua vivência com grupos de alunos sobre a questão de gênero e racismo. “Existe uma resistência de incorporar a teoria com a experiência da diferença porque para a maioria ela parece como um palavrão. Por isso acredito que a forma de transformar isso em uma teoria para a própria prática é por meio da literatura, do cinema, do teatro e da poesia”, concluiu.

Profissionais de direitos humanos – Na sequência, Regina Campos fez sua contextualização a partir de pesquisa sobre a história da psicologia escolar. “Fiquei surpreendida quando encontrei a obra da russa Helena Antipoff, que colocava a educação como forma de libertação do indivíduo, de emancipação das pessoas. Hoje temos a psicologia educacional com foco nas questões práticas da comunidade onde está inserida. É fato que temos que observar o que as pessoas estão vivendo para podermos ajudar. E o foco dos estudos dos processos psicológicos e psicossociais relevantes para a educação leva em consideração o contexto social, ético, político e econômico em que ocorrem”, disse a psicóloga.

Para ela, na atualidade, uma nova revolução atravessa o campo da psicologia educacional chamando a atenção de pesquisadores e profissionais para os aspectos éticos e socioculturais do processo educativo, para as transformações na subjetividade contemporânea e para a necessidade de focalizar as preocupações mais centrais dos educadores, dos estudantes e da sociedade em geral.

Regina concluiu sua fala dizendo que os psicólogos da atualidade estão se transformando em profissionais dos direitos humanos.

Após as exposições e o debate, Júnia Lara encerrou o evento dizendo que todos devem estar atentos à construção da psicologia brasileira e que para criá-la são necessárias políticas públicas.



– CRP PELO INTERIOR –