28 set Saúde Mental de Janeiro a Janeiro aborda impactos do imaginário social sobre profissionais
Diálogo enfatizou a urgência de se reconhecer o sofrimento que atinge a categoria
Na última segunda-feira, 25/9, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) realizou mais uma live da série “Saúde Mental de Janeiro a Janeiro”. A atividade “Prevenção ao suicídio: e quando somos nós, psicólogas(os), que estamos sofrendo gravemente?” propôs reflexões sobre a importância da humanização das(os) profissionais de Psicologia, também vítimas de situações de sofrimento mental.
Participaram da conversa, o psicólogo e escritor, Alexandre Coimbra, e a conselheira e coordenadora da Comissão de Orientação em Psicologia de Emergências e Desastres do CRP-MG, Cristiane Nogueira. A mediação foi realizada pelo coordenador da Comissão de Orientação em Psicologia, Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do CRP-MG, Pedro de Paula.
Para início do diálogo, Pedro de Paula falou sobre a dificuldade dos sujeitos institucionalizados conseguirem se compreender como parte dos processos que eles mesmos atuam. Assim, ele reiterou o cenário em que nos inserimos hoje, em que se vê o sofrimento psicossocial de forma manicomializada, principalmente quando esse sofrimento destitui o sujeito em exercício profissional da possibilidade de sofrer das mazelas que trabalha em atendimento e, até mesmo, da condição de usuários de políticas públicas.
“É como se nós, psicólogas(os), fôssemos constantemente destituídos dessa condição de sujeito do sofrimento que muitas vezes nós também acolhemos”, sintetizou o mediador.
A conselheira Cristiane Nogueira questionou o imaginário social que compõe a figura das(os) psicólogas(os). Para ela, é necessário pensarmos sobre como essa ideia se constrói socialmente e quais os efeitos da tentativa de sustentação dessa imagem pelas(os) profissionais da categoria.
“Espera-se que a boa psicóloga seja aquela que não adoece e que não está em sofrimento”, destacou a conselheira.
Alexandre Coimbra também pontuou a necessidade de modificar o olhar público e das(os) próprias(os) profissionais em relação ao sofrimento mental. Além disso, o psicólogo questionou a perspectiva acadêmica que coloca a Psicologia como desprendida da vida individual daquelas(es) que a praticam e apontou a maneira não-humanizada de lidar com psicólogas(os) atuantes e em formação nas faculdades.
“Se eu sinto uma coisa pungente, que me atravessa, eu preciso ocultar, porque, se não, vão dizer para mim que eu não tenho condição de estar no lugar que eu estou”, expôs o psicólogo.
Assista a transmissão na íntegra:
Série Saúde Mental de Janeiro a Janeiro – O evento é realizado mensalmente, por meio da Comissão de Orientação em Psicologia, Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas. A compreensão é de que o diálogo sobre saúde mental precisa ser permanente, em todos os níveis de cuidado, com foco não apenas no indivíduo e suas subjetividades, mas em todas as coletividades.