12 set Setembro Amarelo: suicídio e religião pautaram encontro no CRP-MG
Em setembro, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) destaca, no ciclo de eventos Psicologia em Foco, a prevenção do suicídio. Nesta quarta-feira, 11/9, a edição contemplou “A Psicologia e o cuidado com o suicídio: um discurso para além do religioso”.
Para compor a mesa de discussão, participaram a psicóloga Mariana Tavares; a psicóloga e doutora em ciências da saúde, Marília Aguiar; e como mediador, o psicólogo e membro da Comissão de Psicologia, Laicidade, Espiritualidade, Religião e Outros Saberes Tradicionais do CRP-MG, Denis Cotta.
Marília Aguiar chamou atenção para abordagem do suicídio como um fenômeno universal, que afeta a todos, seja homem ou mulher, independente de crenças religiosas, cor de pele, ideologia, classe social, idade e condições. “Importante estarmos em uma mesa sobre religiosidade, porque não conhecemos religião alguma que não condene o suicídio”, pontuou.
A psicóloga também destacou que o autoextermínio pode ser prevenido, mas não é previsível. Por esse motivo, explicou que é preciso compreender a diferença entre prevenir, prever e evitar. “O suicídio é um ato individual, mas sabemos também que é consequência das nossas relações. Então cuidemos desse espaço de relacionamento”, afirmou.
Mariana Tavares salientou que é preciso compreender as raízes do discurso religioso sobre o suicídio. “Se somos criados à imagem e semelhança de Deus, suicidar-nos seria como matar Deus, pensem a pressão que tal afirmativa carrega. Pretensão, arrogância, pecado, querer dispor daquela que é a maior dádiva”, ressaltou.
No que concerne à atuação da Psicologia, a Mariana reforçou a atenção para não associação do exercício com práticas religiosas, normativas, prescritivas, moralizantes e culpabilizadoras.
Como complemento à discussão, a mesa convidou o psicólogo referência técnica de Saúde Mental de Brumadinho, Rodrigo Chaves, para apresentar o panorama de Saúde Mental do município, que enfrenta os desdobramentos do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, ocorrido há sete meses.
Rodrigo alertou que as notícias sobre o aumento de suicídio em Brumadinho, que chegaram às capas dos jornais, em nada ajudam a Psicologia do ponto de vista clínico, uma vez que as orientações são de que não haja alarde sobre autoextermínio. “Estamos lidando com uma população extremamente fragilizada e esse tipo de divulgação só nos atrapalha”, lamentou.
Assista ao registro do encontro:
