Subjetividades racializadas e racismo estrutural foram abordados em evento especial no CRP-MG

Na última sexta-feira, 12, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) realizou a mesa especial “Subjetividade tem cor? Minha cor te, me afeta?”, que debateu o racismo e seus impactos na Psicologia e na prática profissional. A atividade foi uma iniciativa das Comissão de Psicologia e Questões Étnico-Raciais do CRP-MG.

Para dar início a atividade, a psicóloga Jeane Tavares, mestra em Saúde Comunitária e doutora em saúde pública, afirmou que o tema da mesa é direcionado à Psicologia Clínica, uma vez que a Psicologia Social já debate essas questões. “Tudo que diz respeito a população negra necessariamente passa pelo sistema racial em que estamos imersos e imersas. Estamos imersos em um racismo estrutural, em uma sociedade que se organiza a partir de raça, classe e gênero”, afirmou.

A psicóloga contextualizou, por meio do livro “O que é o racismo estrutural? ”, do professor Silvio Almeida, como a sociedade se estrutura de forma racista, sendo um projeto político e histórico que impacta na constituição de subjetividades. “É necessário, para manutenção do racismo estrutural, produzir um sistema de ideias que fortaleça uma explicação racional para a desigualdade racial”, pontuou.

Desta forma, “é preciso que exista um grupo que esteja no poder, sendo as características desse grupo opressor valorizadas afetiva, cognitiva e financeiramente”, disse completando que “o racismo é o modo como a sociedade se organiza e o modo normal de funcionamento. Não é uma doença. Ela só se sustenta sendo racista”.

Thalita Rodrigues, mestra em Psicologia social e doutoranda em Psicanálise, apresentou o que foi realizado pela Comissão de Psicologia e Relações Étnico-Raciais, por meio das oficinas de “Subjetividade têm cor?”, nos últimos dois anos. Segundo ela, o público que se interessava pelo projeto já era minimamente mobilizado pelas questões raciais, o que é importante, pois é preciso racializar experiências diversas e, sobretudo, a categoria.

A doutoranda explicou que criar espaços de compartilhamento de experiências, como as oficinas promovidas pela Comissão, é importante pois auxilia na politização das vivências. Neste sentido, retira tais histórias do campo individual e traz para o público. “O racismo é individual, pessoal, subjetivo, mas é também um problema macroestrutural”, realçou.

As oficinas, de acordo com Thalita, acabavam tendo um caráter apático, de mobilização de afetos, e era um espaço de muita emoção. “O racismo é constitutivo das nossas subjetividades e todas as subjetividades, não apenas das pessoas negras”, salientou, “o movimento negro é dos negros, mas a luta antirracista é de todo mundo”.

A psicóloga Dalcira Ferrão, também conselheira e coordenadora das comissões de Psicologia, Gênero e Diversidade Sexual e Relações Étnico-Raciais do CRP-MG foi mediadora da mesa.



– CRP PELO INTERIOR –