8 de março: dia de luta!

8 de março: dia de luta!

O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) convocou a categoria e participou do Ato Unificado realizado nesta quarta-feira, 8 de março, em Belo Horizonte. Durante a marcha, cartazes, faixas e falas denunciaram as violências cotidianas que atingem as mulheres, como feminicídio, violência sexual, misoginia e desigualdade de gênero. Veja fotos da marcha aqui.

Houve grande destaque para a ameaça representada pela Reforma da Previdência, em tramitação no Congresso Nacional, e as ameaças que o projeto representa para as mulheres brasileiras.

O 8 de março de 2017 foi marcado pela convocatória de uma Greve Internacional de Mulheres, que partiu de feministas e coletivos de mais de 30 países. Em pauta, questões que afetam as mulheres de todo o mundo: ataques aos direitos reprodutivos, desigualdades no mercado de trabalho, superexploração. Situações que atingem principalmente mulheres negras, migrantes e desempregadas. O chamado foi sintetizado pelo signo do “8M”, que encampou apelos como: “Nem uma a menos”; “Todas vivas”; “Elas por elas” e “Vivas e livres nós queremos”.

Psicologia e direitos das mulheres
A seguir, depoimentos de mulheres que participaram do Ato Unificado em Belo Horizonte. Elas falaram sobre o papel da Psicologia na luta pelos direitos das mulheres.

O 8 de março é uma data importante mundialmente. É uma luta das mulheres que vem sendo renovada todos os anos e as pautas são as mais variadas possíveis. Temos pautas que ainda são permanentes, infelizmente, como o enfrentamento da violência contra todas as mulheres. Temos também pautas que se fazem inéditas devido ao nosso cenário político, com todas essas reformas que temos vivido e estão ameaçando os nossos direitos. Já identificamos que a reforma da Previdência afeta de uma forma muito delicada a vida das mulheres. Entendemos que essas pautas são de importância fundamental para o Conselho de Psicologia, uma vez que somos uma categoria formada majoritariamente por mulheres.” – Cláudia Natividade, presidenta do CRP-MG

Esse ato no 8 de março reúne mulheres, feministas, guerreiras de todas as lutas, mulheres lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais em prol dos nossos direitos. Em prol da visibilidade das nossas pautas. Pelo direito ao nosso corpo, pelo direito ao aborto legal, pelo direito de viver de todas as mulheres!” – Dalcira Ferrão, conselheira secretária do CRP-MG

A luta desse Dia Internacional das Mulheres é uma chamada mundial de paralisação por nenhum direito a menos. O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais está representado nessa marcha pelas mulheres que compõem a Plenária e que representam toda essa categoria profissional que é de 86% de mulheres. E não é só pelas mulheres da categoria, mas estamos convocando também os homens psicólogos a de fato promoverem uma sociedade equitativa, que respeite as diferenças, que seja libertária. Por nenhum direito a menos, por todas as mulheres, é luta sempre!” – Flávia Gotelip, conselheira e integrante da Comissão Mulheres e Questões de Gênero do CRP-MG

Apesar das mulheres historicamente já se organizarem no mundo todo e no Brasil, em 2017 nós conseguimos unificar, fazendo coro a essa greve internacional das mulheres. Com essa unificação e o ato estamos enfrentando justamente o capitalismo neoliberal, misógino, racista, transfóbico, e lesbofóbico. Internamente, vivemos no país esse contexto de golpe, que se iniciou com o impeachment de uma presidenta eleita democraticamente e que continua agora com uma suposta reforma da Previdência que certamente vai atingir também o SUS e o SUAS. Então, essa marcha unificada denúncia essas múltiplas violências que nós, mulheres, sofremos cotidianamente.” – Letícia Gonçalves, conselheira do CRP-MG e coordenadora da Comissão Mulheres e Questões de Gênero do CRP-MG

É muito importante virmos pra rua, manifestarmos e nos posicionarmos enquanto Conselho de Psicologia, uma categoria feminina que precisa dar visibilidade para a mulher e para o diferencial de ser mulher psicóloga. Temos que ir para a luta. Estamos aqui em peso apoiando a luta das mulheres.” – Márcia Mansur, vice-presidenta do CRP-MG

Estamos na luta contra todas as formas de opressão, porque apesar de ter um apelo a flores e bombons, sabemos que hoje, infelizmente, ainda é um dia de luta, temos muito a conquistar. Estamos num momento de retrocessos políticos, inclusive com ênfase nos direitos da mulher, porque todas as vezes que passamos por crises políticas, econômicas, culturais, os direitos das mulheres sofrem muitos retrocessos. Então como psicóloga, como militante do movimento feminista, reafirmo a importância de nós, enquanto categoria profissional, também pensarmos nessa Psicologia comprometida com a transformação não só subjetiva, mas social.” – Andréa Moreira Lima – professora do curso de Psicologia da Una

Represento a luta dos povos indígenas na cidade e nas aldeias. Quando falamos de feminismo, temos que nos lembrar que são vários feminismos, a mulher indígena é invisibilizada na sociedade. Nós somos mulheres guerreiras e nós sofremos a violência do racismo, do estupro, desde a invasão até hoje. Uma em cada 3 mulheres indígenas já sofreu estupro, isso é maior do que a média nacional, e a ainda temos um número recorde de mães precoces nas aldeias indígenas. Isso acarreta vários problemas: as meninas não conseguem sair da aldeia para vir estudar, fazer o ensino superior.” – Avelin Buniacá Kambiwá, socióloga e integrante do Comitê Mineiro de Apoio à Causa Indígena

A Psicologia tem um papel importante ao encampar essa luta porque nós somos as profissionais que escutamos todas as violências que essas mulheres vivem. Uma escuta empática, uma psicóloga que tem envolvimento político – porque fazer clínica também é fazer política – é imprescindível. É imprescindível também marcarmos presença nesses espaços públicos enquanto categoria, seja nos espaços clínicos ou nas políticas públicas, pautando essa questão da mulher como um gênero oprimido das mais diversas formas e, principalmente, no sentido de empoderar essas mulheres para ocuparem esses espaços. Acho que a Psicologia tem uma grande contribuição a oferecer para a causa.” – Giovanna Borges, psicóloga

A Psicologia tem um papel fundamental pelo seu compromisso social, principalmente com o segmento das mulheres. Como psicólogas, temos que estar atentas ao contexto feminino, histórico, cultural e social. Isso também é importante porque a maior parte da categoria é de mulheres.” – Lidiane de Paula Nunes, psicóloga

Combate ao assédio: veja a entrevista da conselheira Flávia Gotelip sobre campanha de enfrentamento da violência contra a mulher realizada durante o carnaval em Belo Horizonte.

Mês da mulher no CRP-MG: o Conselho preparou um conjunto de atividades especiais para o mês de março. Confira a programação.

 



– CRP PELO INTERIOR –