Abordagens sobre gênero, raça e classe mobilizam público no CRP-MG

No mês de março, o ciclo de eventos Psicologia em Foco se dedicou a temáticas relacionadas às mulheres. Nesta quarta-feira, 27/3, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais realizou a atividade “Gênero, raça e classe: como as diversas opressões às mulheres estão entrecruzadas”.

A mesa foi composta pela graduanda em história, articuladora sóciopolítica e protagonista do canal Trans Preta no Youtube, Giovanna Heliodoro; e a psicóloga e integrante do coletivo feminista Una as Mina, Kênia Elizeu. A mediação ficou a cargo da psicóloga voluntária no setor psicossocial da Defensoria Pública e integrante da Comissão de Mulheres e Questões de Gênero do CRP-MG, Monaliza Alcântara.

Assista ao debate na página do CRP-MG no Facebook.

Para dar início ao evento, Giovanna Heliodoro alertou sobre a importância de se discutir temas interseccionais como gênero, raça e classe, uma vez que, na prática, são invisibilizados. A estudante de história falou sobre a trajetória de pessoas travestis e transexuais, que estão lutando para conseguir direitos básicos e fundamentais, como usar o banheiro pelo gênero que se identifica, conseguir uma vaga no mercado de trabalho, retificação do nome, além do direito à família, à educação e, sobretudo, à vida.

No que tange aos movimentos sociais, Giovanna criticou duramente a ausência de pautas travestis e transexuais. Segundo ela, não há um processo emancipatório que considere todas as problemáticas que as envolvem junto às suas corporeidades. E também ressaltou: “é importante chegar numa pessoa trans e travesti, na esquina ou em qualquer outro lugar, e perguntar como foi seu dia, porque isso já vai mudar muita coisa”.

Na continuidade, Kênia Elizeu realçou a ausência de mulheres negras em posições de poder e a incompreensão do feminismo para essa temática. Em sua pesquisa de conclusão de curso, a psicóloga acessou um panorama maior do cotidiano de violências que essas mulheres fazem parte. “Em uma sociedade que pensa como o europeu, a gente muda nosso cabelo e odeia a nossa cor. O racismo é adoecedor”, completou. Para ela, a Psicologia também precisa pensar sobre as estruturas de opressão e, neste campo, não naturalizar as desigualdades.



– CRP PELO INTERIOR –