Ações orientativas foram o foco do trabalho do Conselho nos municípios atingidos pela mineração

Comissões envolvidas fazem um balanço dos primeiros 60 dias após
o rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão

O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) permanece empenhado na articulação de ações que contribuam com o cuidado às vítimas do rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), e dos municípios já atingidos por alertas de possíveis desastres. O objetivo principal, segundo a conselheira e coordenadora da Comissão de Psicologia de Emergências e Desastres do Conselho, Mariana Tavares, é dar orientação ética às(aos) psicólogas(os) que atuam nos diferentes territórios .“Em relação ao exercício profissional da(o) psicóloga(o) temos especial atenção para que a prática psicológica não promova a vitimização ou patologização das pessoas atingidas, assumindo uma conduta ética baseada na defesa da garantia de direitos”, explica a conselheira.

Já no dia seguinte ao rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão, dia 26 de janeiro, o Conselho deu início a uma série de ações, entre elas, colaborar in loco, com os poderes públicos e demais instituições atuantes em Brumadinho, para mapear a situação e avaliar quais providências seriam necessárias, contribuindo para que as intervenções acontecessem de forma articulada às políticas públicas de assistência social (SUAS) e saúde (SUS – inclusive com suas equipes especializadas para atuação em situações de crises e emergências). Para colaborar a partir de uma perspectiva macro, o CRP-MG participou por meio das comissões de Ética, de Orientação e Fiscalização, de Psicologia de Emergências e Desastres, Psicologia e Política de Assistência Social, Psicologia Escolar e Educacional, e de Mulheres e Questões de Gênero, além da própria Diretoria.

Além de participar das reuniões iniciais de articulação dos entes envolvidos, contribuiu no apoio ao cadastramento e “Levantamento preliminar de necessidades”, de responsabilidade da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social. Outra frente de trabalho da Comissão de Emergências e Desastres, nos primeiros dias, foi o atendimento e acolhimento às famílias no Instituto Médico Legal, em Belo Horizonte.

Eventos – Na sequência, as comissões envolvidas, diante da constatação da necessidade de fazer reuniões orientativas com a categoria, realizaram encontros para formatar o trabalho e na sede do CRP-MG, com vistas às(aos) psicólogas(os) contratadas pelas duas empresas terceirizadas pela empresa Vale bem como da Federação Humanitária Internacional.

Ainda em fevereiro, a Comissão de Emergências e Desastres promoveu uma oficina no município de Congonhas com profissionais da Associação de Psicólogas do Alto Paraopeba e, vários representantes do poder público municipal.

Também na sede do Conselho foi promovido, em parceria com o Conselho Federal de Psicologia (CFP), encontro que reuniu 70 pessoas, com a participação das conselheiras do CFP, Júnia Lara e Elizabeth Lacerda; e do psicólogo e membro convidado do CFP na Comissão Nacional de Psicologia na Assistência Social, Joari Carvalho. Ele demonstrou a atuação da Psicologia nas Emergências e Desastres e na Gestão Integral de Riscos.

Pactos – Ainda com a participação de Joari Carvalho, CRP-MG e CFP promoveram duas atividades em Brumadinho. A primeira contou com cerca de 100 pessoas, entre representantes de movimentos sociais, trabalhadores, moradores da região, estudantes e psicólogas(os) que estão atuando junto à população atingida, tanto nas políticas públicas, quanto em consultórios particulares e como voluntários . Segundo a conselheira Mariana Tavares “foi um momento muito importante de estabelecimento de pactos relacionados ao fluxo dos atendimentos, que devem ser coordenados pelo Serviço de Saúde Mental de Brumadinho”.

A segunda reunião foi realizada na Câmara Municipal contando ainda com Débora Noal, representante da organização Médico Sem Fronteiras, que apresentou as principais recomendações internacionais para o atendimento psicossocial e de saúde mental no contexto das emergências e desastres.

Novas oficinas – Mais recentemente o Conselho promoveu treinamento orientativo do Código de Ética para as(os) trabalhadoras(es) contratadas para compor as equipes do poder público remuneradas pela empresa Vale e está em planejamento oficina no município de Itabira, Barão de Cocais e São Gonçalo de Rio Abaixo. Foram realizadas discussões e orientações virtuais com o município de Nova Lima.

“As oficinas ofertadas pelo CRP-MG destinadas às(aos) psicólogas(os) que atuam nos territórios atingidos ou em estado de alerta abrangem: a estrutura legal que rege a questão das emergências e desastres, a lei da Defesa Civil, a necessidade dos municípios terem gestão integral de emergências e desastres, a definição de fluxos de atendimentos e os primeiros cuidados psicológicos”, explica Mariana Tavares.

Está em processo de construção a rede de psicólogas e psicólogos dos municípios atingidos, com a presença, até este momento, dos municípios de Brumadinho, Mariana, Itabira, Nova Lima, Barão de Cocais.

O CRP-MG acredita na articulação entre as suas diversas comissões, no sentido de um trabalho integrado, articulado e sintonizado em direção à garantia de direitos da população e na qualidade ética e técnica das práticas psicológicas.



– CRP PELO INTERIOR –