27 jul Adolescentes discutem relações de gênero e violência contra as mulheres
Os alunos do 9º ano da Escola Estadual Caetano Azeredo, em Belo Horizonte, tiveram uma tarde diferente na última segunda-feira (26). Cerca de 30 jovens, com idade entre 13 e 14 anos, participaram de uma oficina promovida pela Comissão de Mulheres e Questões de Gênero do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais, em parceria com a Secretaria Estadual de Educação, que tratou dos temas relações de gênero e violência.
A professora de geografia Ileana Nicoli conta que também é papel da escola tratar do tema violência contra a mulher, já que muitos alunos vivenciam esse tipo de violência em suas casas. Ela explica que o tema já foi discutido em outras atividades em sala de aula e a oficina veio se somar a esse debate. “A oficina veio para complementar e despertar ainda mais nos alunos a importância do tema enquanto cidadãos que irão exercer o combate da violência na prática”, conta.
A estudante Lara Oliveira, de 14 anos, acredita que, ultimamente, tudo que está relacionado à mulher é desvalorizado. Ela conta que gostou bastante da oficina, principalmente, porque as opiniões de todos foram respeitadas. “Tivemos várias opiniões diferentes e, mesmo assim, nós não fomos julgados pelas pessoas que fizeram a oficina”, afirma.
A atividade faz parte da campanha “Ponto final na violência contra mulheres e meninas”, a qual o CRP-MG integra desde novembro de 2013, junto a outras organizações parceiras em Minas Gerais. A intervenção tem como objetivo ser uma oficina piloto, cuja metodologia poderá ser replicada pelos vários atores da campanha.
A integrante da Comissão Mulheres e Questões de Gênero e conselheira do CRP-MG, Cláudia Natividade, conta que o investimento nos adolescentes é interessante porque eles são replicadores de conhecimentos. Ela explica que o Conselho Regional de Psicologia deixa para a campanha uma oficina piloto, que pode ser replicada em qualquer espaço. “A metodologia é muito simples e qualquer facilitador com um pouco de jogo de grupo pode executar a oficina e trabalhar os temas que foram desenvolvidos aqui”, garante.
Para a presidente do Conselho Estadual da Mulher e coordenadora da campanha “Ponto final na violência contra mulheres e meninas”, Neusa Melo, realizar a oficina em escolas é de grande relevância, já que os conceitos que as crianças e adolescentes irão aprender lá serão levados para a vida toda. Além disso, Neusa ressalta que a situação de violência vivida pela criança ou por algum familiar pode ser detectada na escola. “O trabalho é muito importante para que as crianças desenvolvam consciência de combate e proteção dessa violência”, conclui.
Campanha “Ponto final na violência contra mulheres e meninas”
Desenvolvida no Brasil desde o ano de 2010, “Ponto final na violência contra mulheres e meninas” é uma ação aberta a todos e todas que consideram inaceitável a violência contra as mulheres. A campanha trabalha pela redução da aceitação da violência de gênero, que se expressa pela impunidade e descaso da sociedade, buscando potencializar a reversão de opiniões conservadoras da sociedade.
Em Belo Horizonte, a campanha tem prevista a realização de uma roda de conversa sobre violência obstétrica, no início de junho, e um seminário sobre a questão do trabalho e a saúde do trabalhador, em julho, ambos com data a confirmar. Em agosto, está sendo construída uma atividade, junto à rede afro e LGBT, que integre a Semana da Visibilidade Lésbica.
Neusa Melo explica que a proposta é que as entidades e instituições que compõem a campanha assumam a liderança de algumas atividades. “Dessa forma, todos os envolvidos terão seu momento de protagonismo no processo de campanha”, afirma.
Saiba AQUI mais informações sobre a campanha “Ponto final na violência contra mulheres e meninas”.