As Masculinidades são tema do segundo evento preparatório para o 9° CNP

O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) realizou, nesta quarta-feira (11/11), o segundo encontro preparatório em Belo Horizonte do Congresso Nacional da Psicologia (9°CNP) por meio do ciclo de eventos Psicologia em Foco. O debate teve como tema “Masculinidades, um desafio para o século XXI”. Clique aqui para ver as fotos.

A composição da mesa ficou a cargo dos psicólogos Milton Bicalho, fundador do Centro de Socioanálise, Instituições e Grupos (CESIG-MG), membro docente da Fundação Gregório Baremblitt/Instituto Félix Guattari; e Felippe Lattanzio, coordenador metodológico do Instituto Albam, atualmente leciona na Especialização em Teoria Psicanalítica da UFMG e cursa doutorado na mesma instituição. A coordenação da mesa foi feita pela conselheira do CRP-MG, Maria da Conceição Novaes Caldas.

Milton Bicalho abriu o debate falando da grande procura dos homens por atendimento psicológico, tanto em consultório particular quanto na saúde publica. “A queixa dos homens tem se deslocado, vêm falando de novos temas, novos assuntos, em uma posição diferente. São homens que passam a falar de solidão, dificuldade de encontrar uma companheira, sentimento da ameaça. Eles falam do quanto sentem ameaçados por suas esposas, passando a se abrir mais”, declarou.

Violência presente – Ele disse que tem observado muito a presença de homens na violência dentro das periferias nos grandes centros urbanos e que isso ecoa na Segurança Pública. “O que me parece que é que de uma maneira geral, no centro ou na periferia, a masculinidade está posta em questão, os homens vivem um momento crucial, no que se refere ao estabelecimento de seu lugar, função, posição entre eles e em relação ao sexo oposto. Isso traz grande prejuízo à sociedade e os faz sofrer”, afirmou.

Milton concluiu afirmando que a morte de homens é algo crescente. “Além das mortes por questões de violência, a mortalidade masculina é fortemente influenciada pelos hábitos de vida. Os homens bebem mais, fumam mais e estão mais expostos aos riscos da inatividade física, do consumo de gorduras e excesso de peso, de que as mulheres, além de se cuidarem pouco”, finalizou.

Já o psicólogo Felippe Lattanzio falou da constituição da identidade masculina. Segundo ele, Freud considerava que a identidade masculina acontecia de forma linear, mas essa constituição era marcada por um paradoxo, um conflito. “Vivemos em uma sociedade marcada por desigualdade de gêneros e esses papéis se encontram em uma hierarquia. O homem tem que construir sua identidade defendendo as questões que marca o ser humano, como a passividade”, afirmou.

Dificuldade de lidar com o afeto – Quando se fala em masculinidade hegemônica, o professor afirmou que os homens são muito marcados por uma defesa daquilo que constitui, como o fato de não poderem ser considerados frágeis. Ele comentou também que o termo correto é masculinidades, pois cada homem age de uma forma, assim como as mulheres.

Lattanzio também falou como os homens tem dificuldade de lidar com o afeto. “Eles não admitem a fragilidade que podem possuir e muitas vezes reagem de uma forma violenta. Podemos ver isso quando se tem casos de homens com depressão. Eles não se abrem e preferem tomar atitudes mais agressivas”, declarou. O convidado completou dizendo que os homens morrem mais do que as mulheres pelo fato de acharem que aguentam tudo e não se preocuparem tanto com a saúde, podendo estar correndo mais riscos.

Para finalizar, Felippe afirmou que as masculinidades estão ganhando novas questões familiares, na qual o homem está assumindo outro papel dentro de casa. “Antes o lugar do pai era de autoridade, de colocar comida em casa. Hoje em dia isso tem mudado. Podemos ver na televisão homens abraçando filhos, demonstrando mais afeto, o que não víamos antes”, explicou. Além disso, o psicólogo declarou que com os movimentos feministas, os homens estão assumindo uma posição de igualdade em comparação com as mulheres. “As mudanças nas masculinidades é um grande desafio, pois eles precisam criar novas formas de masculinidades que não estão presentes na cultura”, disse.



– CRP PELO INTERIOR –