23 maio Aspectos psicológicos e jurídicos da LGBTIfobia pautaram evento no CRP-MG
Ciclo de eventos Psicologia em Foco aconteceu nessa quarta-feira, 22/5
Somente no dia 17 de maio de 1990 a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID). Atualmente, com o intuito político de reivindicar direitos, a data é reconhecida como o Dia Internacional contra a LGBTIfobia, o que fomentou a mesa do Psicologia em Foco dessa quarta-feira, 22/5, com o tema “Os múltiplos efeitos da LGBTIfobia: aspectos psicológicos e jurídicos das violências contra população LGBTI”.
Para compor a mesa, participaram a psicóloga, conselheira e coordenadora das comissões de Psicologia, Gênero e Diversidade Sexual e de Psicologia e Relações Étnico-Raciais do CRP-MG, Dalcira Ferrão; o advogado, mestre e doutor em ciência política, Thiago Coacci; e como mediador, o estudante de Psicologia e membro das comissões de Psicologia, Gênero e Diversidade Sexual e de Psicologia e Relações Étnico-Raciais do CRP-MG, Breno Martins.
A mesa está disponível na íntegra na página do CRP-MG no Facebook.
Saúde mental – No que tange ao contexto sociopolítico atual, Dalcira Ferrão citou como obstáculo a dificuldade crescente da sociedade em lidar com as diferenças, o que tem gerado um massacre na diversidade, especificamente em suas formas de lidar desde as pequenas até as mais complexas situações do dia a dia. “A dimensão afetivo-sexual das nossas sexualidades, dos nossos gêneros e dos nossos corpos é essencial na constituição das nossas subjetividades”, explicou.
Nos atendimentos psicológicos que presta às pessoas LGBTI, a psicóloga destacou relatos recorrentes que surgem em função da LGBTIfobia. Violência psicológica, física, verbal e sexual, situação de abandono e expulsão de casa, piadinhas do dia a dia, discriminação em processos seletivos ou demissão no caso de relatos de experiências e suicídio – em situações extremas – são alguns deles.
O Estado e as normas sociais – Para conceituar os aspectos jurídicos, Thiago Coacci usou termos como heteronormatividade e cisnormatividade para fundamentar sua participação. “Quando se fala em LGBTIfobia as pessoas tendem a ir rapidamente por uma compreensão que não é acadêmica, mas de um senso comum, tendendo a interpretar isso como um medo. Por isso, prefiro trabalhar com conceitos que fogem do sujeito e olhem para as normas sociais”, completou.
Segundo o advogado, as normas sociais recortam a realidade e dão nome aos corpos e às práticas humanas, o que, a depender da época, ganha sentidos culturais e jurídicos totalmente distintos. Thiago Coacci chama atenção para o fato de que as normas sociais recortam as relações de gênero e sexualidade de forma hierarquizada. “Existe quem está em baixo e quem está em cima. Mesmo as pessoas que se beneficiam também são produzidas por essa norma. Neste sentido a heterossexualidade também é um produto”, ressaltou.
Para Thiago, sair das dinâmicas psíquicas e entender a amplitude dos padrões sociais permite entender como essas normas são fios que atravessam o Estado e as leis. “Se o Estado é atravessado pelas lógicas sociais, ele reproduz e produz a heteronormatividade e a cisnormatividade”, realçou.
