24 abr Categoria dialoga sobre os direitos dos povos originários e a atuação psi
Edição do Psicologia em Foco ocorreu na noite dessa quarta-feira, 23, em BH, e está disponível no YouTube
Feminicídio de indígenas, questões territoriais e saberes ancestrais. Esses foram alguns dos assuntos abordados na primeira edição do Psicologia em Foco realizada em 2025 na capital mineira. Com o tema Para além de abril: uma Psicologia compromissada com os Povos Indígenas, o evento ocorreu no Auditório Rosimeire Aparecida da Silva, na sede do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), e foi uma colaboração entre a Comissão Permanente de Direitos Humanos e a Comissão de Orientação em Psicologia e Relações Étnico-Raciais do Conselho.
O encontro teve as contribuições das psicólogas indígenas Isa (Isa Petara Txúri) e Rosa da Costa Gato Neta. A conversa foi mediada pela vice-presidenta do CRP-MG, Liliane Martins.
Vinda do Amazonas, Rosa alertou sobre a necessidade de se considerar a perspectiva geográfica ao se pensar o compromisso da Psicologia com os povos originários. “O que se faz aqui em Minas Gerais é muito diferente do que se faz no contexto do Amazonas e é muito distinto de outros contextos e outros biomas”, ponderou. A psicóloga defendeu a necessidade de a categoria mineira entender a diversidade do estado. “As Minas são Gerais, são diversas e têm uma identidade, inclusive no nome, que é fortalecida pelos povos indígenas deste território. Para pensarmos práticas e respostas às violências do Estado, a gente precisa conhecer esse território. Vocês podem me dizer quais são os saberes de Minas Gerais? Quais são os saberes do Cerrado que estão contribuindo para a Psicologia?”, instigou.
Mulher indígena nascida e criada em contexto urbano, Isa contou que o processo de retomada de suas origens tem sido desafiador. “Como diz o poema de uma amiga psicóloga, eu sou uma indígena que não vive em território indígena, que não come comida indígena, que consome um monte de coisa que não é indígena, que não nasceu junto do povo e que tem que ficar nessa busca eterna. Mas esse processo de retomada também é contracolonial. Então, quando a gente chega à universidade, essa ferida colonial se expande e faz a gente se abrir e buscar com ainda mais intensidade”, compartilhou.
Liliane ressaltou o impacto da formação das(os) profissionais psi e a importância de a Psicologia se implicar em questões étnico-raciais. “A Psicologia começa a se debruçar sobre a questão étnico-racial em 2002, com a Resolução CFP Nº 018/2002. A gente tem uma referência técnica para atuação de psicólogas junto aos povos indígenas, mas precisamos de fato avançar um pouco mais. Ainda hoje, dentro da formação, os nossos cinco cânones são homens brancos, estadunidenses ou europeus. Então, o que a gente está vendo dentro da academia? Como um psicólogo ou uma psicóloga se forma? Será que, de fato, estão estudando alguma questão específica da população indígena? Estão estudando alguma questão da população negra nesse conjunto?”, refletiu.
Cosmovisão, diversidade de povos e culturas, ciência indígena, violências, atuação de psicólogas(os) com indígenas em contextos urbanos e políticas públicas foram outros tópicos abordados no encontro.
Para conferir o diálogo completo, acesse a transmissão do evento no canal do CRP-MG no YouTube.