Comunidades Terapêuticas e as implicações na luta antimanicomial são tema de live da série Saúde Mental de Janeiro a Janeiro

As(Os) participantes conversaram sobre a essencialidade do cuidado em liberdade.

Na terça-feira (25/4), a transmissão “Dos horrores dos porões aos novos manicômios do século XXI” abordou a necessidade de reforçar as perspectivas de cuidado sob uma ótica que resguarde as normativas de saúde psíquica e bem-estar integral.

Contribuíram com o diálogo, o conselheiro do CRP-MG e integrante da Comissão de Direitos Humanos, Daniel Caldeira e a educadora-social, trabalhadora da rede de saúde mental infantojuvenil do SUS de Belo Horizonte, Maira Públio. O coordenador da Comissão de Orientação em Psicologia, Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do CRP-MG, Pedro de Paula, realizou a mediação.

A live começou trazendo o remonte histórico de manicômios que atualmente se configuram em instituições que cerceiam o direito básico à liberdade.

Pedro de Paula apresentou a transmissão e apontou para a primordialidade de tratar sobre assuntos que ainda precisam ser debatidos pelo Estado e pela Sociedade Civil, como a existência de instituições que replicam as estruturas manicomiais.

A educadora social, Maira Públio, contou sobre sua atuação com crianças e jovens na rede de saúde mental do SUS de Belo Horizonte pelo Cersami Centro-Sul. Ela falou que adentrar em um espaço que demanda cuidado e escuta tem sido um processo formativo enquanto profissional aliada. A artista contou como esse processo pode implicar em profissionais para além da área da saúde e como essa atuação inclui a defesa de outros grupos que sofrem violações: “quando estamos falando de luta antimanicomial, também falamos de outros tipos de violência que perpassam os manicômios, como a violência escolar, o racismo e a lgbtfobia”, ratificou.

O conselheiro Daniel Caldeira, iniciou sua fala ao dizer que o lugar do manicômio não é novo e que hoje ele se atualiza e se reinventa para perpetuar as mesmas práticas. “É preciso romper as barreiras que existem para além das Comunidades Terapêuticas. Tais entraves nos cerceiam e a partir disso vários direitos são violados”, apontou. Daniel ainda frisou que para que haja uma garantia de um sistema eficaz de cuidados de saúde mental é preciso demarcar os espaços que visam à liberdade e o fortalecimento de vínculos sociais.

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Pedro de Paula em sua fala de encerramento marcou que “nenhum dos algozes da colonização psiquiátrica brasileira foi punido ou sentenciado até hoje e que todos vêm sendo anistiados constantemente tanto pelo Estado, quanto pela história”. O coordenador da Comissão de Orientação em Psicologia, Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do CRP-MG indagou sobre a dimensão institucional dos cuidados e falou que a Rede de Atenção Psicossocial deve oferecer para as(os) atendidos(os) respeito e dignidade enquanto sujeitos.

“Falamos de desafios que extrapolam a dimensão da institucionalidade. Muitas vezes nos colocamos em um lugar de rigidez institucional e encaramos o outro como um protocolo”. reforçou. Ele colocou a necessidade de secretariar o indivíduo para lidar com o seu próprio sofrimento, no sentido de fornecer ambientes livres, juntos à sociedade, onde as amarras dos porões não desenhem um cenário retrógrado de violação de direitos.

Sobre a série – “Saúde Mental de Janeiro a Janeiro” é composta por um conjunto de lives que ocorrem o ano todo porque a atenção em saúde mental precisa ser permanente, em todos os níveis de cuidado, com foco não apenas no indivíduo e suas subjetividades, mas em todas as coletividades, de maneira a fazer o enfrentamento de situações que impactam severamente a vida da população. E como o foco tem que acontecer de forma transversal e diversa, a cada edição propõe abordagens que dizem do cotidiano das pessoas, no que mais impacta naquele momento

Assista na íntegra:

 



– CRP PELO INTERIOR –