Conselho participa de debate sobre pornografia não consensual

A Clínica de Direitos Humanos, projeto de pesquisa e extensão da Universidade Federal de Minas Gerais, promove até esta quinta-feira (31) o “Seminário Construções Interdisciplinares: o que são direitos humanos?”. O evento, que conta com o apoio do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), discute a definição de direitos humanos para várias áreas do conhecimento por meio de seis painéis compostos por acadêmicos e profissionais de todo o Brasil, entre eles a conselheira e integrante da coordenação da Comissão de Mulheres e Questões de Gênero do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), Cláudia Natividade. Ela participou, no primeiro dia do seminário (29), da mesa “Pornografia não consensual como violação dos Direitos Humanos”.

No debate, Cláudia Natividade analisou a pornografia não consensual nos sistemas tradicionais de gênero, considerando, desse modo, as dimensões de desigualdade sobre as quais a sociedade se organiza. “Esse tipo de violência afeta psicologicamente as mulheres de forma muito severa, trazendo muitas consequências para o seu trânsito na vida social, nos locais de emprego, junto a familiares e filhos, principalmente se forem crianças e adolescentes. São várias consequências negativas”, afirmou.

A conselheira também destacou o processo de revitimização, pois quando as imagens circulam na internet é praticamente impossível retirar todo o conteúdo do ar, dessa forma, há muito sofrimento e dificuldade de se reparar os danos provocados à mulher. “É um crime que está na categoria do irreparável e que tem uma lógica machista, de hierarquia e controle sobre a mulher”, explicou. De acordo com Cláudia Natividade, outro elemento que chama atenção nos casos é o tratamento dispensado aos agressores, pois há grande impunidade e quando ocorre a aplicação de penas, são muito brandas, como o pagamento de pequenos valores em indenizações por danos morais.

Conceito –
 a “pornografia não consensual” faz referência à divulgação de fotos e vídeos íntimos na internet sem a permissão da pessoa que aparece nas imagens. Essa definição é mais abrangente do que “pornografia de vingança”, pois não presume que haja uma relação de intimidade entre agressor e vítima. No caso da pornografia não consensual, um hacker pode invadir um computador de uma pessoa com qual não tenha relacionamento e divulgar conteúdos íntimos, por exemplo.

Também participaram da mesa a jornalista e fundadora da ONG Marias da Internet, Rose Leonel, e a professora do Departamento de Ciência Política da UFMG, Marlise Matos.



– CRP PELO INTERIOR –