Conselho propõe reflexão sobre a atuação de psicólogas e psicólogos nas emergências e desastres

Atento aos acidentes e desastres que comumente envolvem os seres humanos, o Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais conta, desde 2010 com o Grupo de Trabalho de Psicologia de Emergências e Desastres, que discute o tema em reuniões mensais e atua no desenvolvimento de estudos, pesquisas e capacitações.

O rompimento das barragens da mineradora Samarco Fundão, no subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana, localizada a 115 km de Belo Horizonte, em Minas Gerais, na última quinta-feira (5/11), que vem gerando consequências por todo o Estado, mobilizou o CRP-MG  por meio deste GT.

As linhas de ação estão sendo estruturadas considerando a missão do Conselho de zelar pela Psicologia como ciência, profissão e prática de transformação social, norteado por princípios éticos. As respostas do CRP-MG não só à categoria, como também à sociedade, mais especificamente, aos afetados por esta catástrofe, serão dadas sem perder de vista este papel de um conselho de classe.

Primeiramente, o CRP-MG propõe à categoria uma reflexão sobre sua atuação nestas situações. Prevenção, preparação, resposta e reconstrução são denominadas como as fases da atuação de psicólogas e psicólogos nas emergências e desastres. Infelizmente, neste caso da região de Mariana, a Psicologia é convocada a atuar nas duas últimas etapas deste processo, trabalhando com a absorção dos impactos de demandas, com o acompanhamento de abrigos, o apoio de luto e nas ações de inteligência junto a gestores e agentes.

Muito além de zelar pela qualidade no atendimento aos afetados, a psicóloga e o psicólogo são requisitados a fazer com que estes consigam enxergar sua posição de protagonista na busca de soluções, tentando reduzir os impactos nas vidas de cada um.

Mas até onde as repercussões emocionais podem afetar e paralisar a reorganização do ser humano? Como atuar na preservação dos laços afetivos e o consequente equilíbrio psíquico diante da provável fragilidade da psicóloga e do psicólogo diante de uma tragédia sem precedentes como esta? Que recursos nossa categoria deve dispor para enfrentar um trabalho tão complexo que envolve ainda o apoio aos trabalhadores no resgate de corpos? Como dar respostas normais diante das reações extremas?

A contribuição da Psicologia neste momento é crucial e, portanto, devemos estar aptos para o trabalho neste cenário adverso.

As ações que serão propostas estão sendo planejadas com o cuidado e o rigor necessários para uma catástrofe como esta.

Uma delas já foi colocada em prática que é disponibilização da publicação eletrônica “Primeiros cuidados psicológicos: guia para trabalhadores de campo” com o objetivo de auxiliar os profissionais que atuam no apoio psíquico e social àqueles afetados por desastres naturais ou acidentais. O guia foi elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e traduzido para o português pela Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil, com apoio do Ministério da Saúde.

As demais ações também serão alicerçadas na orientação dos profissionais da Psicologia, como cabe ao Conselho. O anúncio acontecerá em comunicado especial do CRP-MG para a categoria.



– CRP PELO INTERIOR –