12 abr Conselho realiza debate sobre a clínica da Psicologia
“Hoje vamos discutir a construção profissional que nos permite atender o sujeito na rua, no consultório, nos Centros de Atenção Psicossocial para que possamos nos apropriar com mais consistência do nosso fazer”. Com essa fala, o psicólogo Milton Bicalho abriu, enquanto mediador, a edição desta quarta-feira (11), do Psicologia em Foco, na sede do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG), em Belo Horizonte. O evento, que teve como tema “A Clínica hoje”, contou as apresentações das psicólogas e psicanalistas Marisa Renna de Vitta e Tânia Ferreira. Clique aqui para assistir o vídeo.
Marisa Renna de Vitta iniciou sua apresentação dizendo que a ética clínica se baseia na escuta que acontece na surpresa do encontro do profissional com o sujeito que procura a(o) psicóloga(o) para endereçar sua relação com seu sofrimento e lançou para o público: “como escutar, intervir em um acompanhamento terapêutico fará com que cada um possa encontrar sua própria norma?”. A psicóloga colocou alguns conceitos como o “analista cidadão”, de Éric Laurent, sensível às formas de segregação social.
Ao relatar algumas experiências e reflexões, explicou que seu modo de pensar o acompanhamento terapêutico vai se modificando a cada caso. “Refletindo sobre minhas variadas demandas e endereçamentos, consigo pensar que o acompanhamento só é terapêutico quando nos propomos estar ali onde o sujeito indica que está tratando o seu sintoma. Nesse sentido, o terapêutico aqui, ou o clínico, é acompanhar o sujeito para que ele possa lidar com sua desarmonia mental”, concluiu.
Política – Na sequência, Tânia Ferreira afirmou que a clínica não pode estar apartada da política. “Sabemos que em muitos momentos da história a clínica foi fiadora de políticas de exclusão e sequestros de cidadanias. Se ela pôde e fez sustentação de projetos políticos avessos à inclusão e cidadania de muitos, também pode e deve fazer avançar políticas, ações e projetos que se contrapõem a injustiça e desigualdade social, exclusão, violências nas suas várias e distintas faces, e, sobretudo, ao sofrimento humano”, iniciou.
Segundo ela, todas as vezes que a Psicologia se vê diante de um real traumático, está no campo da clínica. “O setting é outro. São os corredores de instituições, a rua onde moram os meninos, as praças onde se fazem manifestações e lutas, os assentamentos dos sem terra, os becos das favelas, as casas de quem por sua crise não sai”, pontuou concluindo que a clínica não tem o cliente ideal, mas aquele atingido pelo trauma, pelo impossível de suportar. “A clínica se torna imprescindível no nosso tempo sóbrio pois ela condensa esperança”, refletiu Tânia Ferreira antes de passar para o debate com a plateia.