Conversa traça caminhos para o avanço da Avaliação Psicológica de pessoas com deficiência

Atividade abordou dificuldades nos atendimentos e o desenvolvimento de novos testes psicológicos

O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) realizou no dia 9/6 a live “Avaliação Psicológica e grupos específicos: pessoas com deficiência”. O evento teve como mediadora a especialista em Avaliação Psicológica e Psicologia do Trânsito, Maria Cláudia Câmara.

Confira o evento na íntegra:

A psicóloga e especialista em Avaliação e Diagnóstico Psicológico, Geiscislene Marta, reforça a importância de adotar o termo “pessoas com deficiência” e abandonar nomenclaturas como “necessidades especiais” ou “pessoas especiais”. Para ela, o lema da atuação da Psicologia nesse contexto é a inclusão. “Precisamos compreender e estudar. Esse é o nosso intuito, de dizer desse lugar de fala e como que a Psicologia entra de forma clínica, social, avaliativa e como vamos atender e receber esse público sem sermos taxativos e capacitistas”, afirma.

A importância da equidade de direitos também é comentada pela psicóloga e doutora em Avaliação Psicológica, Michele Morelo. No entanto, ela comenta sobre a falta de instrumentos que podem ser utilizados na avaliação de pessoas com deficiência, mesmo com o desenvolvimento de projetos e pesquisas que existem, como o prêmio lançado em 2019 pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). “Em 2019, o CFP lançou um prêmio com o objetivo de estimular profissionais em relação ao tema. Tivemos várias pesquisas que mostraram a prática e a ampliação da Avaliação Psicológica”, comenta.

Dificuldades na avaliação – “A grande reclamação era de serem reduzidos à deficiência, de não serem enxergados para além ou colocados como coitados, com uma abordagem capacitista, de uma forma que parecia que eles sempre precisavam de algo”, aponta Geiscislene. Dessa forma, ela fala da importância de trabalhar esses entraves na formação inicial da(o) psicóloga(o) e questionar se a categoria está apta para atender esse público.

Um primeiro ponto, segundo a psicóloga, é trocar a abordagem de uma visão do problema para uma visão das possibilidades, trabalhando questões subjetivas, como a da aceitação. “Quando trazemos essa discussão para a Psicologia e para a avaliação, é olhar como nós vamos enxergar esse sujeito e vamos potencializá-lo para que ele potencialize a sociedade”, complementa.

Assim, a escolha do instrumento é um ponto importante para esse processo. Para a especialista, é preciso avaliar o sujeito e entender as necessidades que a deficiência impõe para a pessoa, para que se possa escolher um determinado teste. Cada teste é padronizado para um público específico e, segundo Michele, não é recomendado adaptá-los para atender outras necessidades. “Tentar adaptar, sem passar por uma pesquisa mais aprofundada, pode contribuir para cairmos em um erro, inclusive ético, podendo gerar mais malefícios do que benefícios”.

Pensando nisso, a psicóloga vê como um objetivo o desenvolvimento de instrumentos com um design universal, o que é chamado atualmente de testagem universal ou adaptativa, que possibilitaria seu uso para diferentes sujeitos. Por ter uma grande abrangência, segundo ela, é preciso compreender todo o contexto, que abarque as especificidades e detalhes de cada grupo. No entanto, Michele diz que não podemos estar limitados a isso. “Nós temos as entrevistas, a observação, recursos lúdicos. Podemos usar outras técnicas para nos auxiliar nesse processo”, finaliza.



– CRP PELO INTERIOR –