Crise econômica foi tema do Psicologia em Foco

O ciclo de palestras Psicologia em Foco do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) dessa quarta-feira (8) abordou o tema: impactos da crise econômica e o desemprego afetando o trabalhador. O debate teve como mediadora a psicóloga e especialista em Gestão Pública, Camila Lisboa. Clique aqui para ver as fotos do evento.

Fernando Duca, economista do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) e atualmente Coordenador Técnico da Pesquisa de Emprego e Desemprego da Região Metropolitana de Belo Horizonte (PED-RMBH), iniciou o debate. Ele explicou os conceitos básicos de medição de mercado de trabalho.

Segundo Fernando, fala-se de crise desde o final de 2014 e o Brasil está pior em índice de crescimento. “De 2011 pra cá, o que produzimos está valendo cada vez menos quando exportamos”, afirmou. O economista explicou que antes de 2015 o Brasil apresentava a menor taxa de desemprego na América Latina, mas desde o ano passado, a situação se inverteu e atualmente a taxa de desemprego no Brasil só é menor do que a registrada na Colômbia.

O economista ainda citou características dos desempregados. “Dos que já foram desligados com ensino superior completo, houve uma variação pequena mas ainda assim significativa de 2013 para 2015: de 6,7% para 8,4. Além disso, a maioria de pessoas desligadas são jovens na faixa etária de 18 a 24 anos e até mesmo aqueles que têm mais tempo de casa estão perdendo seus empregos”, completou.

A segunda convidada a falar foi a doutora em Psicologia do Trabalho e consultora em gestão empresarial, Matilde Agero. Segundo ela, as crises econômicas são cíclicas e afetam o trabalhador. “Quando se está nesta fase, as pessoas começam a ficar preocupadas em perder o emprego e querem mostrar mais serviço, fazer tudo o que a chefia impõe. Por fim, ficam adoecidos”, afirmou. A psicóloga completou explicando que com esse adoecimento, o trabalhador é afastado do emprego e dependendo do tempo, acaba sendo substituído por outro trabalhador.

“O trabalho é uma atividade diferenciada na vida das pessoas. Quando estamos trabalhando, esse espaço nos ajuda a ‘esquecer’ os pensamentos pessoais. Além disso, pode ajudar no desenvolvimento do sujeito, que está próximo de outras pessoas”, afirmou. Matilde disse que quando estamos trabalhando contribuímos para o andamento da sociedade.

Matilde também declarou que para que as pessoas se sintam capazes e tenham prazer em trabalhar, o serviço deve oferecer boas condições. “Estamos vivendo uma crise de qualidade de produtos e de trabalho e isso é por causa das condições impostas ao serviço. Eu acredito que apenas as ações coletivas irão melhorar esse problema de saúde pública”, finalizou.

Ao final, a mediadora do debate, Camila Lisboa comentou a pontuação dos convidados. “As pessoas que têm menos escolaridade e de classes baixa sofrem mais com o impacto da crise do que uma pessoa da classe média. Isso porque esta última, caso sofra com o desemprego, pode ter o apoio financeiro da família”, ressaltou.



– CRP PELO INTERIOR –