CRP-MG define comissões e grupos de trabalho para os próximos três anos

A organização em comissões e grupos de trabalho é uma estratégia do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) para atuar nos diversos campos relacionados à Psicologia e estreitar os vínculos com a categoria, uma vez que na maior parte deles a participação é aberta a quem se interessar. O XV Plenário do CRP-MG definiu que irá encampar 22 comissões e três GTs pelos próximos três anos. A lista completa pode ser acessada aqui.

Foram criadas três novas comissões temáticas: Psicologia clínica; Psicologia e questões étnico-raciais; Psicologia, laicidade, espiritualidade, religião e outros saberes tradicionais. Outra novidade é a reunião de duas áreas na Comissão saúde mental, álcool e outras drogas. Também foram constituídos três grupos de trabalho: Infância e adolescência; Mobilidade humana e trânsito; Sistema prisional e socioeducativo.

Direitos Humanos – Dentre as comissões temáticas, a Comissão de Direitos Humanos (CDH) possui um caráter estratégico, pois aborda questões transversais a todos os grupos. A conselheira vice-presidenta, Márcia Mansur, está na coordenação da CDH e explica que justamente por essa característica, a Comissão irá atuar como fio condutor das demais. A articulação da CDH com as comissões e GTs acontecerá a partir dos seguintes eixos:

– Direitos Humanos e memória: registros, sistematizações, acervo de materiais relacionados à luta pela garantia e reconhecimento dos  direitos humanos no Brasil.

– Minorias (reconhecimento): visibilidade, defesa dos direitos, ações de reconhecimento e de participação de grupos minoritários em nossa sociedade.

– Direitos Humanos, democracia e controle social: a Psicologia e sua participação nos espaços de controle social; articulação, formação e fortalecimento dos representantes do CRP nestes espaços. Articulação com movimentos sociais, luta pela democracia.

– Lógicas antimanicomiais e não segregadoras: defesa de formas inclusivas de vida em sociedade. Posicionamentos contrários às práticas segregadoras, higienistas e privativas de liberdade.

– Formação em direitos humanos: subsídios e apoio aos conselheiros e colaboradores sobre os temas relacionados aos direitos humanos. Produção de materiais sobre as temáticas. Fomento da formação em Direitos Humanos para estudantes e também para profissionais.

Novos grupos
 – Entrevistamos os conselheiros Mariana Tavares, Reinaldo da Silva e Filippe de Mello sobre o trabalho que será realizado por três comissões que foram criadas recentemente: Questões étnico-raciais; Psicologia clínica e Psicologia, laicidade, espiritualidade, religião e outros saberes tradicionais, confira.

COMISSÃO PSICOLOGIA CLÍNICA
Coordenadora: conselheira Mariana Tavares

Quais são os objetivos da Comissão de Psicologia Clínica?
Queremos partir do levantamento das demandas e elaboração de propostas  para fazer o planejamento conjunto  das ações da comissão. O Conselho Regional de Psicologia percebe a importância da aproximação de profissionais que se veem hoje frente a grandes questões sociais que afetam a atividade clínica.

Sabemos que seu enfrentamento exige múltiplos olhares e saberes, numa perspectiva de grande abrangência teórica e metodológica.

O avanço da medicalização do mal-estar de viver, o retorno de práticas que mais silenciam do que dão voz aos sujeitos, a produção de novos sintomas, dentre inúmeras outras questões, são temas que exigem uma discussão coletiva e é importante a(o) profissional estar próximo de seus colegas para num trabalho de parceria produzir uma elaboração mais satisfatória para seu trabalho.

Há alguma especificidade em relação à dinâmica de trabalho da Comissão prevista para os próximos três anos?
É uma comissão que está em processo de construção. Entendemos que será necessário fazer uma discussão conceitual inicial para definição do campo de atuação.  Precisamos então nos perguntar: Que clínica fazemos? De que clínica falamos? Com que dificuldades? Qual sua abrangência? Quem faz clínica? Para que? E para quem? O que une os profissionais que fazem clínica? Mas, fundamentalmente, será preciso partir de um momento de encontro com as pessoas para formulação das questões que serão abordadas pela comissão. Por ser tema muito presente na Psicologia como ciência e como profissão, consideramos que merece discussão mais sistematizada por parte do CRP-MG. Nossa primeira reunião será às 16 horas, no dia 3/11. Contamos com a presença de todas(os).

COMISSÃO PSICOLOGIA, LAICIDADE, ESPIRITUALIDADE, RELIGIÃO E OUTROS SABERES TRADICIONAIS 
Coordenador: Reinaldo da Silva Júnior

Quais são os objetivos da Comissão?
A presença da questão religiosa em diversas esferas na vida das pessoas está muito forte, inclusive orientando comportamentos, condutas sexuais e a própria moral.
A questão religiosa se apresenta como um fenômeno humano de base, que está na constituição da subjetividade humana.  Por isso, é preciso construir um diálogo com essa outra racionalidade, que é a religiosa, ampliando a compreensão de mundo.  Com isso pensamos em um diálogo que possa criar duas pontes:
1.    Um caminho de compreensão desse ser humano para a prática da(o) psicóloga(o), como ele se organiza; e
2.    Produzir maneiras de construção, de compreensão desse discurso religioso de forma que nossa condição de ciência não fique em conflito.

Vamos ter desafios na interação com a Comissão de Ética e com as pessoas que pensam a produção científica da Psicologia. Ética, formação e construção de ferramentas de trabalho serão nossos focos.

Há alguma especificidade em relação à dinâmica de trabalho da Comissão prevista para os próximos 3 anos? 
Pretendemos estabelecer um fluxo de reuniões quinzenais na sede e nas subsedes. Devemos começar pela pauta da relação da religião no tratamento de álcool e outras drogas. Vamos convidar a categoria para participar da Comissão.

Alguma questão que gostaria de ressaltar em relação à Comissão?
O principal desafio será demonstrar que discurso psicológico e discurso científico não devem entrar em conflito, mas sim, se complementarem. É preciso que as pessoas saibam muito bem de que lugar estão produzindo seu discurso.

COMISSÃO SAÚDE MENTAL, ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS
Coordenador: conselheiro Filippe de Mello

Quais os objetivos da Comissão?
A Comissão de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas tem como objetivos fazer avançar questões que eram pauta do Plenário anterior, assim como se fazer representativa da profissão nas questões que concernem a temática e, nesse sentido, seguir em diálogo permanente com nossos parceiros institucionais, como o Fórum Mineiro de Saúde Mental (FMSM), a Associação de Usuários dos Serviços de Saúde Mental de BH (ASUSSAM) e demais associações, o Fórum Mineiro Drogas e Direitos Humanos (FMDDH), entre outros.

A Comissão entende que os campos da Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas apresentam especificidades que merecem atenção concentrada. Dentre tais especificidades, estão a Luta Antimanicomial, a sustentação dos princípios da Reforma Psiquiátrica, a atenção aos usuários de álcool e outras drogas, suas famílias e as parcerias intersetoriais que permitem avançar na conquista de direitos dos usuários. Além disso, diante do cenário nacional atual, vê-se como primordial o acompanhamento de mães que estão tendo suas crianças retiradas do cuidado familiar, assim como as internações compulsórias e a lógica persecutória e criminalizante às quais os usuários de álcool e outras drogas são imputados.

Há alguma especificidade em relação à dinâmica de trabalho da Comissão prevista para os próximos 3 anos? 
A Comissão de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas apresenta especificidades que merecem destaque: a) a primeira diz respeito à necessidade de que fosse criada em separado da Comissão de Saúde, entendendo que o campo da Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas apresenta características que, em vista dos avanços e retrocessos históricos que acompanham a temática, exigem atenção redobrada. Além disso, foi aprovada a Política Estadual de Saúde Mental e a inserção do CRP-MG se faz de fundamental importância para que possamos avançar no que tange à temática, assim como no campo do álcool e outras drogas. Uma segunda especificidade diz respeito ao dinamismo ao qual o campo tem se confrontado, com questões de grande repercussão, como a disputa da Defesa Social e da Saúde como lugares de cuidado à saúde mental dos usuários de álcool e outras drogas. Dessa maneira, as(os) profissionais da Psicologia se veem enredados numa trama que é perpassada pela ética, política, ideologias e técnicas e, assim sendo, é de fundamental importância que tal Comissão Cuide para que possamos, ao longo dos 3 próximos anos, avançar nas questões do XIV Plenário e deste Plenário.

Alguma questão que gostaria de destacar em relação à Comissão? 
A Comissão de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas também tem o compromisso de buscar contato com profissionais de Minas Gerais que se encontram, por diversos motivos, distantes do CRP e que, muitas vezes, atuam em ambulatórios de saúde mental em pequenas cidades, na atenção básica, em Estratégias de Saúde da Família, Unidades Básicas de Saúde, Policlínicas, Núcleos de Apoio à Saúde da Família, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) em todas suas modalidades e demais tipos de serviços. Dessa maneira, esta Comissão, antes de ser identificada como apartada da Comissão de Saúde do CRP, se soma à essa, para que a cisão corpo-mente, por muitas vezes ainda sustentada, seja prática ultrapassada às(aos) psicólogas(os). Para que isso seja realizado é necessário que identifiquemos as necessidades de cada grupo, municípios, regionalismos, idiossincrasias sócio-históricas que nos permitam construir, junto à categoria profissional, pontos comuns que unam o sujeito em sofrimento ao seu território, de modo que possamos produzir Cuidado e Saúde.

Veja o cronograma de reuniões
 que já estão marcadas e são abertas a toda a categoria. Mais informações, entre em contato com o setor de apoio à Comissões do CRP-MG: (31) 2138-6754, comissoes@crp04.org.br.



– CRP PELO INTERIOR –