CRP-MG participa de Congresso Brasileiro de Psicologia Clínica, em São Paulo

Evento promoveu cerca de 270 atividades entre os dias 13 e 15 de fevereiro

Da esquerda para a direita, as conselheiras Paula de Paula, Lorena Rodrigues, Suellen Fraga e o psicólogo fiscal Marcone Matos no Congresso Brasileiro de Psicologia Clínica, em SP

O Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (CRP-SP), com co-organização do Conselho Federal de Psicologia (CFP), realizou entre os dias 13 e 15 de fevereiro a primeira edição do Congresso Brasileiro de Psicologia Clínica. O Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais (CRP-MG) esteve presente, representado pela conselheira presidenta Suellen Fraga, a conselheira diretora secretária Paula de Paula, a conselheira Lorena Rodrigues, o psicólogo fiscal Marcone Matos e as colaboradoras das subsedes Centro-Oeste, Lauren Silva, e Sudeste, Raquel Lázara.

O Congresso teve como objetivo promover oportunidades de atualização, estimular a produção de conhecimento e incentivar a troca de experiências entre a categoria. Parte da programação foi transmitida pelo canal do CFP no YouTube e permanece disponível para acesso.

Suellen Fraga coordenou a oficina A importância da análise do discurso na escuta psicológica, em conjunto com o conselheiro do CRP-SP Davi Ruivo. Na atividade, abordaram como a linguagem e os discursos socialmente construídos atravessam o processo de escuta no contexto da Psicoterapia. “A compreensão de que o sujeito não é um ser isolado, mas sim constituído nas relações sociais e na cultura, contribui para que, ao escutarmos, seja possível analisar discursos que ultrapassam representações individuais, mas também os significados e as marcas das relações históricas, sociais e políticas em sua fala”, ponderou a presidenta do CRP-MG.

Para Suellen, esse debate é fundamental na orientação à categoria psi, uma vez que leva a reflexões sobre a posição deste ofício no lugar de quem trabalha com discursos na prática clínica. “A avaliação psicológica por meio das expressões narrativas trazidas não é neutra. Ela é permeada por sentidos que foram historicamente construídos. Isso tem implicações diretas em nossa prática, pois nos desafiamos a problematizar discursos que reforçam desigualdades e opressões”, pontuou.

“Em um momento em que as disputas discursivas ganham cada vez mais espaço no debate público, compreender criticamente os discursos que circulam e suas implicações subjetivas e sociais é essencial para promover transformações e garantir uma escuta mais ética e comprometida com os direitos humanos”, concluiu a presidenta.

Interseccionalidade no atendimento clínico

Suellen Fraga coordenou a oficina “A importância da análise do discurso na escuta psicológica”, em conjunto com o conselheiro do CRP-SP, Davi Ruivo

Suellen também participou da mesa redonda Psicologia Clínica, atravessamentos Interseccionais e o Sistema Conselhos de Psicologia. A conversa foi realizada entre as quatro presidências dos CRPs da região Sudeste com o propósito de refletir sobre a regulamentação psi e discutir ferramentas institucionais de orientação e normatização.

A participação de Suellen Fraga utilizou o mote Psicoterapia: orientações e dimensões normativas na Psicologia para uma prática interseccional. Ela pontuou que o atendimento psicoterapêutico tem sido cada vez mais reconhecido como um fator importante para promoção da saúde mental: “É notável uma maior abertura de diálogos sobre atenção à saúde por meio da Psicoterapia, um avanço significativo quando comparado aos estigmas que historicamente marcaram o tema”.

Suellen ainda destacou a relevância da interseccionalidade no exercício psi. “A análise interseccional emerge como uma perspectiva essencial e crítica dentro da Psicologia, convidando-nos a compreender a complexidade dos assuntos que atravessam as pessoas em suas dimensões sociais, culturais e históricas”, ponderou. “Ao integrar essa visão aos instrumentos institucionais do Sistema Conselhos, a Psicologia não só amplia seu alcance de atenção às diferentes realidades, mas também se consolida atenta aos avanços das demandas contemporâneas, resguardando a ética na atuação”, complementou a psicóloga.

Contracolonialidade e antirracismo

Ainda durante o Congresso, a conselheira Lorena Rodrigues e as colaboradoras Lauren Silva e Raquel Lázara coordenaram a mesa-redonda Psicologia Contracolonial e Antirracista: ética na atuação com populações diversas.

A conselheira Lorena Rodrigues e as colaboradoras Lauren Silva e Raquel Lázara coordenaram a mesa-redonda “Psicologia Contracolonial e Antirracista: ética na atuação com populações diversas”

De acordo com Lorena Rodrigues, uma das reflexões propostas pela comitiva mineira foi sobre Psicologia Contracolonial, considerando a atuação da clínica ampliada e pensando não apenas no consultório, mas também na atuação em políticas públicas. “Destacamos o impacto da docência na repercussão dessas práticas profissionais, uma vez que ainda temos uma Psicologia que reproduz muitos saberes e conhecimentos importados da Europa e dos Estados Unidos, e que vão numa perspectiva de aplicação de técnicas como se houvesse sujeitos universais”, relatou.

Lorena defende ainda que a diversidade esteja cada vez mais presente no fazer psi. “Nós ressaltamos a importância da nossa presença e dos nossos corpos negros, indígenas, de pessoas LGBTQIA+ ocupando esses espaços, e destacamos que as questões de gênero, raça e sexualidade não são pautas que devem ser marginalizadas, mas precisam estar presentes em toda a formação de Psicologia e na atuação”, pontuou a conselheira.

Já o psicólogo fiscal do CRP-MG Marcone Matos ressaltou a pertinência do encontro. “O I Congresso Brasileiro de Psicologia Clínica ocorreu em um momento propício, já que a psicoterapia clínica conduzida por psicólogas e psicólogos necessita ser amplamente discutida pelo Sistema Conselhos de Psicologia, uma vez que, frequentemente, ela é escondida por métodos terapêuticos não regulamentados ou não reconhecidos cientificamente”, afirmou.

Para o profissional, o evento foi uma oportunidade para reflexões e trocas de informações e conhecimento. “O Congresso teve um efeito significativo na atualização e capacitação de profissionais de Psicologia, ao oferecer um encontro potente para psicólogos e estudantes. Também foi um forte estímulo ao Sistema Conselhos sobre os necessários debates éticos e científicos acerca da prática clínica. Em suma, o evento consolidou a Psicologia como ciência e profissão, apresentando as perspectivas de uma Psicologia Clínica atenta às necessidades atuais da sociedade”, concluiu o psicólogo.



– CRP PELO INTERIOR –