CRP-MG participa de diálogo promovido pelo Conselho Nacional de Saúde

O Conselho Nacional de Saúde promoveu na quarta-feira, 7, a live “Desafios atuais da política de saúde mental expostos pela pandemia da Covid-19”. O encontro teve como mote a proximidade do Dia Mundial da Saúde Mental, 10 de outubro.

A presidenta do Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais, Lourdes Machado, foi convidada a participar do diálogo, que também contou com as contribuições de Débora Noal, psicóloga e pesquisadora da Fiocruz; Marisa Helena Alves, conselheira nacional de saúde; e Fernanda Magano, conselheira nacional de saúde e representante da Federação Nacional de Psicólogos (Fenapsi).

Políticas de saúde mental no país – A presidenta do CRP-MG traçou um panorama com as principais conquistas que resultaram da Luta Antimanicomial e chamou atenção para as ameaças que estão em curso. “Como se não bastasse todo esse cenário de perdas provocado pela pandemia, precisamos lidar com um ataque corporativo a uma das mais potentes lutas que é a reforma psiquiátrica”, afirmou.

Como um marco nesse retrocesso, Lourdes destacou a Portaria 3.588/2017, do Ministério da Saúde. Segundo ela, o documento tem viés corporativista, privatista, médico-centrado e hospitalocêntrico. Apenas a área da Psiquiatria elaborou o documento, sem que fossem ouvidas as representações do controle social e as outras ciências que compõem as equipes multiprofissionais que atuam nas políticas de saúde mental, dentre as quais a Psicologia. Há, inclusive, Resolução do Conselho Nacional de Saúde que reivindica a suspensão da portaria.

Lourdes Machado também enumerou retrocessos na política de drogas e mencionou as violações de direitos mapeadas pela inspeção nacional realizada em hospitais psiquiátricos brasileiros em 2018.

Saúde mental e pandemia de Covid-19 – A psicóloga sanitarista Débora Noal apresentou o seguinte indicador: “a expectativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que entre 1/3 e até metade de toda a população que vivencia uma pandemia como a de Covid-19 pode vir a desencadear sofrimento psíquico agudo e possíveis transtornos psicopatológicos se a gente não fizer nada”.

A psicóloga explicou que eventos como pandemias exigem cinco fases de atuação: prevenção, preparação, mitigação, resposta e reconstrução. “Infelizmente, as três primeiras fases a gente não deu conta de fazer, nunca pensamos em como fazer num cenário de pandemia ou epidemia de grande monta e entramos já na resposta”, avalia.

Segundo Débora, logo que a OMS declarou a situação de pandemia, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) criou um grupo de pesquisadoras(es) para realizar formações para trabalhadoras(es) da saúde. Em um mês, havia mais de 70 mil inscritas(os). A leitura que Débora Noal faz é de que esse é um dado alarmante, pois a fase da resposta não é um momento adequado para a formação, mas as(os) profissionais revelaram a lacuna que tinham em suas formações para responder à emergência.

A psicóloga também enfatizou que o trabalho de formação deve continuar, pois a expectativa é que epidemias e situações de emergência em saúde se tornem mais frequentes. Nesse sentido, é importante que os planos de atuação considerem a saúde mental, aspecto que ficou negligenciado no plano construído para a resposta à Covid-19 no Brasil. Ela também citou um conjunto de pesquisas que o Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (Cepedes) da Fiocruz reuniu em seu perfil no Instagram: www.instagram.com/cepedes_fiocruz/

Fernanda Magano realçou as dificuldades que trabalhadoras e trabalhadores em saúde enfrentaram e ainda enfrentam no combate à pandemia, como a falta de estrutura, equipamentos de proteção, entre outras questões, que têm repercussões diretas sobre a saúde mental deste grupo.

Assista a live na íntegra:



– CRP PELO INTERIOR –